Emprego: comércio varejista tem melhor agosto desde 2011
De acordo com Dieese, setor farmacêutico teve melhor desempenho
Saldo de empregos foi de 9.129 postos na região metropolitana. Dieese destaca alta rotatividade no setor
O emprego no setor varejista registrou saldo de 9.129 empregos formais na região metropolitana de São Paulo no mês de agosto. De acordo com a economista e diretora executiva do Dieese Patrícia Pelatiere, trata-se do melhor resultado para agosto desde 2011. Os dados são baseados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, e são levantados mensalmente pela Federação do Comércio de São Paulo.
Os artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos e também artigos de uso pessoal e domésticos tiveram os melhores resultados. “O melhor desempenho foi registrado no setor de farmácias, com avanço de mais de 4%, seguido do setor de supermercados, que avançou 3%”, disse Patrícia, nesta terça-feira (7), à Rádio Brasil Atual. No entanto, o saldo de empregos acumulado no ano no comércio varejista está negativo, com a redução de 2.328 postos de trabalhos. Patrícia pontua que o número está relacionado com o setor de roupas, calçados e de concessionárias de veículo.
A diretora executiva do Dieese afirma que o “grande desafio” do setor é a taxa de rotatividade, que está alta. “Em agosto, foram admitidos 49.433 trabalhadores formais e foram demitidos 40.304, por isso, o saldo positivo de 9 mil trabalhadores”, diz.
Patrícia considera que, apesar da rotatividade intrínseca ao setor de comércio varejista, é preciso reduzir esse número de modo estrutural. “De todo modo, nós notamos nesse desafio uma melhoria, porque em julho os demitidos foram 45 mil. Então, houve uma queda na taxa da rotatividade”, acrescenta.
Outro dado relevante citado pela economista é referente à pesquisa realizada pela Fecomercio sobre endividamento das famílias. O volume de famílias paulistas endividadas no mês de setembro diminuiu 2%, e se comparado ao mesmo período de 2013, o nível de endividamento caiu 5%. “Isso é bastante promissor para o aumento do consumo no final do ano. O endividamento mais baixo significa uma perspectiva positiva para ocomércio varejista em dezembro”, afirma.
Das famílias entrevistadas que estão endividadas, 11% alegam ter dívidas em atraso e somente 4% estão com dificuldade em quitar e sair da situação de endividamento.
Nos últimos 24 meses, as vendas no comércio mostram crescimento menor do que o de 2010, mas continua “significativo”. Em média, o aumento é de 3%, e o comércio segue positivo no acumulo do ano. “Isso tem a ver com o comportamento da massa de rendimento, que tem melhorado e continua em ganho, e das baixas taxas de desemprego”, esclarece a diretora do Dieese.
No acumulado de 12 meses, o comércio brasileiro registra crescimento de 4,3% no volume de vendas e quase 11% na receita nominal. Das dez atividades registradas no comércio varejista, oito registraram expansão no período. Para 2014, as entidades do setor estão estimando que devem fechar o ano com crescimento em torno de 4% nas vendas.
“Isso está relacionado às baixas taxas de desemprego e ao crescimento da massa salarial que, pelos números que nós estamos vendo, também devem fechar 2014 de forma positiva”, pontua Patrícia. Segundo ela, ocomércio está crescendo por conta do crescimento da renda média mensal das famílias brasileiras. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, essa renda subiu 3,4%, em 2013, de forma real, descontando a inflação. O rendimento dos trabalhadores assalariados teve um crescimento real de 3,8%.
A diretora do Dieese lembra ainda que entre 2004 e 2013 a renda média da população brasileira como um todo cresceu 35% acima da inflação. “A renda dos 10% mais pobres do país expandiu 73%. Se considerarmos os 50% mais pobres da população, o avanço foi superior a 60%.”
Da Rede Brasil Atual