Emprego do futuro passa pela qualificação profissional

Fotos: CNM-CUT

Para aprofundar o debate sobre o futuro da categoria com os avanços da Indústria 4.0, dirigentes do Sindicato co­nheceram as instalações do Senai Armando de Arruda Pereira, em São Caetano. A unidade tem uma planta modelo de Indústria 4.0 e foi inaugurada em agosto do ano passado com inves­timentos de R$ 63 milhões.

“Essa nova indústria vai aliar processos inteligentes, automação e máquinas que se comunicam entre si. Os trabalhadores têm que se apropriar do debate sobre como serão os postos de trabalho e a qualificação profissional necessária”, afir­mou o diretor executivo do Sindicato, responsável pelas Relações do Trabalho, Ale­xandre Colombo.

“Conhecer como estão sendo pensados os cursos é importante para ter propos­tas de educação do ponto de vista dos trabalhadores. Se o futuro será de robôs, temos que pensar em que profissional vai projetar e criar essas novas tecnolo­gias”, explicou.

Entre os temas prioritá­rios do Sindicato estão as relações de trabalho.

“A reforma Trabalhista permite jornadas em que o companheiro não vai saber quanto receberá no fim do mês, com precarização e fim do trabalho como conhecemos hoje. Temos que encontrar o equilíbrio para que a tecnologia gere desenvolvimento, preserve empregos sem ampliar ainda mais o trabalho precário”, disse.

“Por exemplo, o opera­dor ajusta a máquina por uma hora, vai embora e só vai receber por isso. Outro exemplo são os novos em­preendedores em start ups que resolvem problemas de empresas sem nenhum vínculo e ganhando muito pouco”, prosseguiu.

O dirigente criticou ainda a medida do governo que vai zerar o imposto de importa­ção de robôs industriais. A atual alíquota é de 14% e a proposta deve ser anunciada em março.

“Essa medida vai na con­tramão do que defendemos. O Brasil tem capacidade de produzir, inovar e ter pro­cessos desde o início aqui para fortalecer a indústria nacional e gerar empregos melhores”, afirmou.

Também participaram da visita ao Senai São Ca­etano, os integrantes do Sistema Único de Repre­sentação, o SUR, do Comitê Sindical de Empresa, CSE, na Ford, o diretor executivo do Sindicato, responsável por políticas industriais, Wellington Messias Da­masceno, e o secretário de Formação da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho.

O coordenador do SUR, Sérgio Soares, o Bakalhau, ressaltou que a tecnologia integrada é de interesse dos trabalhadores. “Fomos co­nhecer como funciona uma unidade de Indústria 4.0, com sistemas interligados, robôs ultrassensíveis. O ser humano participa pouco do processo produtivo, o robô já faz tudo e a peça final sai pronta, inclusive personali­zada se for o caso”, contou.

“A nossa preocupação é como o avanço da tecno­logia vai afetar a vida dos trabalhadores. A Ford já tem muita tecnologia nos Estados Unidos e é essencial ter mais informações neste momento em que negocia­mos investimentos na planta de São Bernardo”, explicou.

“Quando a robótica sur­giu, formou novas profis­sões. Agora a Indústria 4.0 vai exigir novas funções e mentalidade. O desafio dos trabalhadores é participar dessa transição de maneira estratégica”, concluiu.

Da Redação.