Emprego metalúrgico paulista cresce 48,6%, aponta Dieese da FEM-CUT/SP
Os dados foram divulgados na manhã desta quinta, 7, no 6º Congresso da FEM-CUTSP, em Atibaia
André Cardoso, do Dieese: crescimento do emprego e melhor distribuição de renda.
Foto: Cleber Galindo
O emprego na indústria metalúrgica paulista registrou, nos últimos 16 anos, um crescimento de 48,6%, passando de 762 mil (1995) novos postos para 1,031 milhão, em novembro de 2010. O Estado de São Paulo concentra quase a metade (45,8%) do total de metalúrgicos do Brasil. Na região sudeste, o Estado lidera o número de empregos metalúrgicos, concentrando 70% das vagas de todo o País, seguido por Minas Gerais (18,6%), Rio de Janeiro (9,0%) e Espírito Santo (2,0%).
Estas são algumas das principais conclusões da Pesquisa inédita “O Perfil do Metalúrgico no Estado de São Paulo”, elaborada pelas Subseções do Dieese da FEM-CUTSP e da CNM-CUT, divulgada nesta quinta, 7, aos delegados do 6º Congresso da FEM, que acontece no Atlântida Park Hotel, na cidade de Atibaia.
O estudo foi baseado nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e do Registro de Entidades Sindicais do Ministério do Trabalho. O levantamento analisou a base da FEM-CUTSP que tem 14 sindicatos metalúrgicos filiados, que representam 260 mil trabalhadores em todo o Estado.
O economista do Dieese da FEM-CUTSP, André Cardoso, enfatizou que o desenvolvimento das políticas sociais, o crescimento do emprego no País, a melhoria da distribuição de renda – medidas implementadas na gestão do ex-presidente Lula – somadas aos avanços conquistados nas negociações das Campanhas Salariais da FEM-CUTSP contribuíram para o resultado positivo da pesquisa.
Escolaridade e faixa etária
O estudo também revelou que os metalúrgicos elevaram a formação escolar. Mais da metade (54,1%) possuíam em dezembro de 2009 ensino médio completo e 12,6% superior completo. Outro indicador interessante é a faixa etária destes trabalhadores. A média em todo o Estado é de 30 a 39 anos.
Com relação à proporção de jovens, isto é, trabalhadores com até 24 anos de idade, foi mais elevada nos Sindicatos Metalúrgicos de Itu (24,6%); Salto (23,5%) e Itaquaquecetuba (22,3%). Já na faixa de idade entre 50 e 64 anos, os Metalúrgicos de Pindamonhangaba se destacam com 13,5% de sua base, na sequência aparecem Metalúrgicos de Matão (12,0%) e Araraquara (11,9%).
Remuneração
A pesquisa também revelou que a média salarial dos metalúrgicos no Estado de São Paulo está em R$ 2.296,09. Se analisar a faixa salarial nas regiões dos Sindicatos filiados, os maiores salários da categoria estão em Gavião Peixoto – impulsionado pelo setor aeroespacial — (R$ 4.024); ABC paulista ( R$ 3.700) e Taubaté (R$ 3.200).
Um fato interessante no estudo é a comparação dos salários da base da FEM-CUT com a de outras centrais. “Os salários pagos no ramo cutista são sensivelmente mais elevados. A FEM contava com 25,1% de seus trabalhadores com remuneração superior a sete salários mínimos mensais, ao passo que nas demais Centrais apenas 14% estavam nesta faixa”, explica André.
Ele explica que o mesmo pode ser verificado sobre as remunerações entre 1 e 2 salários mínimos: 13,9% dos sindicatos cutistas ganhavam nesta faixa, já nas outras Centrais Sindicais o percentual chega a 23,9%.
Gênero
Os homens continuam sendo maioria no ramo metalúrgico, no cenário nacional cutista existe 17,5% de mulheres, já no Estado de São Paulo o percentual foi de 15,5% em novembro de 2010. Os sindicatos com maior participação feminina são: Salto (31,4%); Itu (23,6%) e Cajamar (19,1%).
A distribuição dos metalúrgicos cutistas segundo gênero e grupo de negociação mostra maior participação das mulheres no Grupo 2 (que reúne os setores dos grupos de máquinas e eletrônicos – 20,45%) e em Estamparia (19,1%). Nas Montadoras (7,2%) e Fundição (9,3%) a presença de mulheres é mais baixa.
Rotatividade
A pesquisa sobre o “Perfil do Metalúrgico no Estado de SP” também apontou a preocupação do aumento da rotatividade no setor. Apesar de o ramo metalúrgico ter superado em definitivo o momento difícil vivido ao longo da crise mundial, o volume mensal de demissão se mantém em nível alto, muitas vezes superior a 30 mil no ano de 2010.
O presidente da FEM-CUTSP, Valmir Marques (Biro Biro), disse que a nova Direção da Federação, que será eleita nesta sexta-feira, dia 8, terá como principais metas a luta pela aprovação da Convenção 158 da OIT (que proíbe a demissão imotivada). “O estudo mostrou que demitir no Brasil é barato para os empresas e o que é pior: eles demitem e contratam pagando salários rebaixados. A implementação desta Convenção é fundamental para coibir estes abusos praticados pelos patrões”, finaliza.
Da Imprensa / FEM-CUT (Viviane Barbosa)