Emprego na indústria paulista deve crescer 2,5% em 2011, prevê Fiesp
O segundo semestre seguirá com uma pequena taxa de crescimento do emprego na indústria de transformação paulista, e deve fechar o ano com cerca de 2,5% de avanço sobre 2010, prevê o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Paulo Francini, para quem o 2011 será “um ano chocho” para a indústria. No ano passado, o nível de emprego cresceu 3,8% frente 2009.”Temos vários fatores que não contribuem com a atividade e competitividade da indústria de transformação e estamos correndo este ano com debilidade”, disse em coletiva a jornalistas.
Em junho o nível de emprego da indústria de transformação paulista registrou recuo de 0,13% sobre maio, na série livre de influências sazonais, com o fechamento de 500 postos de trabalho, resultado esperado por Francini em função da redução da atividade econômica promovida pelas medidas macroprudenciais e aumento na taxa básica de juros, além da valorização do real. “Os fatores de agressividade permanecem. Isso ofende muito a competitividade da indústria”, afirmou.
O diretor do Depecon espera que sejam tomadas medidas para diminuir a apreciação do câmbio e aumentar a competitividade da indústria no segundo semestre, como o pacote de ajuda ao setor industrial a ser lançado pelo governo, mas é cético em relação a seus efeitos. “Se a questão da inflação der uma folga ou ficar mais cômoda, esperamos que no segundo semestre algumas coisas venham a surgir na área de gestão econômica, mas não enxergamos a possibilidade de grandes transformações”.
Para Francini, 2011 será um ano morno não só para a indústria paulista, mas de todo o país. “Os setores estão como uma nuvem, voando para essa situação de aquietação, de redução. Não temos grandes expectativas nem motivos para que determinadas regiões ou setores sejam diferentes”.
Segundo ele, o que mais afeta a indústria no cenário atual é o aumento do coeficiente de importação – a razão entre o produto importado consumido no país e o consumo aparente, ou seja, a produção doméstica somada às importações, excluindo-se as exportações. “Esses números são terríveis.
Quando você sai de uma taxa de 18,6% em 2008 e vai para 22% em 2010, isso reduz uma barbaridade de empregos e renda”, argumentou Francini, acrescentando ser difícil convencer as pessoas de que a indústria vive uma situação preocupante. “Há uma sensação de que o país vai bem. As pessoas estão consumindo, viajando, é difícil dizer que uma parte da coisa vai mal. Mas a indústria de transformação representa uma riqueza para o país, da qual ele não pode abrir mão”, ponderou.
Do Valor Econômico