Empresa chinesa diz que vai parar de indenizar familiares de operários suicidas

Foxconn diz que vítimas queriam só dinheiro extra para familiares. Dez funcionários se mataram e outros três tentaram suicídios este ano.

A multinacional taiuanesa Foxconn, fabricante de aparelhos como o iPad e o iPhone, envolvida em uma onda de suicídios de seus empregados em fábricas chinesas, anunciou que deixará de pagar compensações aos familiares de trabalhadores que se matarem, informou a agência oficial “Xinhua”.

A decisão foi tomada depois que a direção afirmou que alguns dos empregados que se suicidaram neste ano – dez, além de outros três que tentaram o suicídio e fracassaram – o fizeram para que suas famílias recebessem uma indenização. O comentário gerou polêmica e foi alvo de grandes protestos de organizações sindicais internacionais.

A Foxconn, no entanto, mantém sua teoria e diz que tomou a medida “para evitar que empregados se matem para obter uma grande soma de dinheiro para suas famílias”. A companhia assegurou ainda que tem provas que alguns dos casos dos suicidas envolveram funcionários que queriam que suas famílias recebessem indenizações.

A maioria dos familiares de empregados que se suicidaram recebeu indenização de 100 mil iuanes (cerca de US$ 14,6 mil).

Os suicidas eram quase todos jovens que provinham de zonas rurais e pobres da China, alguns deles com problemas emocionais como desilusões amorosas ou tristeza por ter deixado sua localidade natal.

Por outro lado, imprensa e ativistas trabalhistas asseguram que a razão dos suicídios, independente dos problemas pessoais dos empregados, tem origem na forte pressão à qual são submetidos os trabalhadores na empresa, os longos horários e as poucas possibilidades de descanso e lazer.

Outras medidas
Por conta dos suicídios, a Foxconn também tomou outras medidas, como a de subir – em três ocasiões – o salário de seus empregados, algo que repercutirá no preço dos produtos da empresa no mercado mundial e que fez com que as ações da companhia desabassem nas bolsas de Taiwan e Hong Kong.

Também contratou psiquiatras, disponibilizou linhas telefônicas de apoio para os empregados que sofram depressão e até realizou rituais religiosos na companhia.

A Foxconn, que produz aparelhos para boa parte das multinacionais tecnológicas do Ocidente – Apple, Dell, Hewlett-Packard, Nokia, Nintendo, Sony, entre outras – emprega 800 mil trabalhadores na China, dos quais 400 mil trabalham em Shenzhen, onde aconteceram as 13 tentativas de suicídio.

A empresa, líder mundial na fabricação de componentes tecnológicos, produz cerca de 4% dos produtos que a China exporta ao resto do mundo.

Da Agencia EFE