Empresa radicaliza e não paga salário

A empresa fez de tudo para acabar com a greve. Demitiu trabalhadores e afastou representantes sindicais.
“Quando fez isso a greve ficou mais forte”, comentou João Ferreira Passos, o Bagaço, diretor do Sindicato.
A solidariedade aos golas vermelhas se estendeu para além da Ford. Começaram a chegar contribuições do pessoal de várias empresas.
Os trabalhadores também realizavam pedágios nas principais avenidas.
“Depois que a greve foi noticiada nos Estados Unidos, ganhou repercussão internacional e começamos a receber mensagens de todo lado”, lembrou José Arcanjo de Araújo, o Zé Preto, da Comissão de Fábrica.
No 39º dia, a Ford não pagou o adiantamento e as manifestações subiram de grau. Nos dias seguintes dezenas de carros são tombados e incendiados, instalações são depredadas e máquinas são quebradas.
No dia 26 de julho, a Ford aciona a tropa de choque da Polícia Militar, que entra na empresa.
Os trabalhadores protestam.
Erguem barricadas e explosões acontecem no chão de fábrica até que os policiais ocupem a fábrica.
No dia seguinte, após a interferência de parlamentares, a Ford faz uma proposta.
A empresa propôs a readmissão de parte dos trabalhadores, a reintegração dos representantes, menos o Zé Preto, reajuste de 59%, antecipação de 15%.
A greve prosseguiu e no dia 30 de julho, 51 dias depois de seu início, os golas vermelhas aprovam a proposta.