Empresários usam crise para promover rotatividade, que cresce no ABC
De acordo com especialistas, no atual momento de incerteza econômica, as companhias aproveitam para demitir e contratar com salários mais baixos
A crise financeira mundial fez empresas se aproveitarem para demitir e contratar trabalhadores com salários menores no ABCD. De acordo com especialistas, no atual momento de incerteza econômica, as companhias aceleram o processo de rotatividade, dispensando profissionais mais maduros e com maior escolaridade para contratar jovens com menos escolaridade e salários mais baixos.
A economista da subsede do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Zeíra Camargo, aponta que o nível de emprego caiu 2,7% na Região entre outubro de 2008 e fevereiro.
Na construção civil, setor em que houve maior índice de rotatividade, 33% dos profissionais foram trocados no período. Em outros setores, a variação também foi alta. “Uma parte das empresas se aproveitaram da crise financeira mundial. Não justifica demitir funcionários e contratar novas pessoas.”
De acordo com o professor da faculdade de economia da USP Hélio Zylberstajn, o salário dos admitidos segue caindo. O rendimento médio de quem foi contratado em março deste ano é 3% menor que o salários dos admitidos em fevereiro. Na comparação com março do ano passado, a queda é de 4%.
A tendência também é observada em outro indicador chamado de pressão salarial, que é o salário médio de quem foi desligado dividido pelo salário médio de quem foi contratado. “O que se espera sempre é que essa divisão resulte em menos de 1%. Quando o mercado de trabalho está excepcionalmente ativo, essa relação pode inverter e ficar maior.”
De acordo com Zylberstajn, o funcionário recém-contratado recebe cerca de 20% a menos de quem foi desligado no mês de março. Há um ano, a variação era de 7%.
Zylberstajn esteve na reunião do Consórcio Intermunicipal realizada nesta segunda (04/05), em Santo André, junto com o secretário de Emprego e Relações do Trabalho, Guilherme Afif Domingos, para firmar convênio entre o governo do Estado e a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), da USP. O Consórcio terá acesso a um banco de dados gerados pela fusão das informações do Observatório do Emprego e do Trabalho elaborado pela Fipe-USP e Sert, com os números da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), do Dieese e da Fundação Seade.
Do ABCD Maior