Empresas oferecem poucos benefícios para mulheres

A grande maioria das empresas não oferece os seis meses de licença-maternidade facultativos por lei às funcionárias que dão à luz. Também são poucas as que dão a possibilidade de fazer horários flexíveis na volta ao trabalho. Os dados aparecem na segunda edição de pesquisa sobre benefícios para mulheres da consultoria de recursos humanos Towers Watson, que neste ano contou com a participação de 166 empresas.

Com poucas diferenças em relação aos números do ano passado, o estudo indica que ainda há um grande espaço a ser trilhado pelas companhias na hora de repensar alternativas para contratar e reter profissionais do sexo feminino, segundo o líder da área de benefícios de assistência à saúde da Towers Watson, César Lopes. “É o que as organizações não estão fazendo que se destaca no estudo. Elas ainda precisam criar melhores condições e formas de atrair e reter esse público”, diz.

Para ele, as companhias estão mais dispostas a discutir esse assunto internamente, mas é preciso amadurecer a abordagem e acabar com um receio comum de departamentos de recursos humanos: o de criar políticas que não sejam necessariamente abrangentes a todos os públicos. “As empresas que têm essas práticas percebem que as profissionais levam em conta esses programas na hora de avaliar uma proposta de trabalho”, explica.

Segundo o levantamento, apenas 36% das empresas oferecem licença-maternidade facultativa de seis meses. Em 30%, é possível fazer horários flexíveis por um período de pelo menos três meses na volta ao trabalho – 17% oferecem essa possibilidade por mais de seis meses e um número igual permite que as funcionárias trabalhem de casa durante a gestação ou depois dela.

Para Lopes, é preciso questionar a razão de algumas dessas práticas ainda não serem difundidas de forma mais ampla no mercado. “É um equilíbrio entre a necessidade de ter uma profissional qualificada e, ao mesmo tempo, deixar essa funcionária tranquila ao saber que nessa empresa ela vai conseguir conciliar o trabalho com um período em que sua estrutura familiar interna acabou de mudar”, diz. O consultor ainda não vê as empresas pensando estratégias de ação de médio e longo prazos com esse foco. “Isso faz as mulheres optarem ou não por permanecerem na empresa”, diz.

Os benefícios mais populares, segundo a pesquisa, são auxílio-creche ou babá, oferecido por 81% das empresas, e a presença de berçários nas companhias, em 88% dos casos. Entre os menos difundidos estão a isenção do regime de coparticipação no plano de saúde durante o período de gestação, oferecido por 20% (sendo que 38% já não possuem esse regime no geral), e programas de acompanhamento nutricional para mulheres grávidas, presentes em 18% das companhias. No período de gestação, apenas 17% das empresas oferecem vagas preferenciais no estacionamento.

Do Valor Econômico