Empresas têm fôlego e dinheiro para evitar demissões

Nunca as empresas do setor automotivo ganharam tanto dinheiro como em 2008. Mesmo assim, foram as primeiras a colocar a faca na garganta dos trabalhadores, com ameaças de redução de emprego e de direitos.

As empresas do setor automotivo têm fôlego para atravessar a crise sem alterar o nível de emprego. Elas nunca produziram, venderam e  faturaram tanto como nos últimos tempos.

A produção de veículos no ano passado bateu recorde histórico e atingiu 3,2 milhões de unidades. O total é 8% maior que 2007, ano em que a produção também foi recorde.

O crescimento constante da produção nas montadoras elevou também o faturamento do setor de autopeças, que chegou a R$ 101 bilhões em 2008, aumento de 300% em relação a 2002.
Rotatividade

O nível de emprego, no entanto, subiu apenas 40%, enquanto a rotatividade no emprego seguiu em alta, sendo usada pelos patrões como instrumento perverso de achatamento salarial.

Nos doze meses de 2008, as contratações e demissões de metalúrgicos nas autopeças foram intensas, segundo levantamento da Subseção Dieese do Sindicato, mantendo uma rotatividade de 24,7%.

Se considerados os dois últimos anos, a rotatividade chegou a 42,7%.

O presidente do Sindicato acredita que os empresários se precipitaram ao passar a conta da crise para os trabalhadores. “Ninguém sabe o tamanho dos problemas na economia, por isso os empresários deveriam aguardar antes de tomar qualquer decisão.”

Mesmo com todo esse cenário a seu favor, parte das empresas foi rápida ao colocar a faca na garganta do trabalhador.

“As empresas ganharam muito dinheiro nos últimos anos, mas ao primeiro sinal de dificuldade já falam em demitir trabalhadores”, denunciou Sérgio Nobre, presidente do Sindicato.

“Ninguém sabe o tamanho dos problemas na economia, por isso os empresários deveriam aguardar antes de tomar qualquer decisão. Mas eles preferem falar em demissão para, depois, poderem contratar os mesmos trabalhadores por salários bem menores. É por isso que a rotatividade é tão alta”, destacou o dirigente.

Para ele, é necessário que seja feito um diagnóstico real da crise, a partir desse diagnóstico, negociar alternativas civilizadas para os problemas.

“Sem isso, demitir ou cortar direitos é oportunismo ou chantagem. Essa idéia dá rumo ao seminário que o Sindicato organiza para debater saídas para a crise”, destacou Sérgio Nobre.


O ministro do Trabalho, Carlos Luppi, condenou a miopia de setores do empresariado. “É gente que tem a visão na idade da pedra e quer matar a galinha de ovos de ouro propondo a redução salarial”, disse.

Da Tribuna Metalúrgica