Empréstimo com desconto em folha: Feijóo alerta para endividamento excessivo

O presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, chamou a atenção ontem dos metalúrgicos do ABC que já estão fazendo ou pensam em fazer empréstimos com desconto em folha de pagamento para os perigos do endividamento excessivo.

“O acordo assinado pela CUT que permite o crédito consignado tem o mérito de baixar os juros para patamares não extorsivos. Quem paga ou pagava o absurdo de 8% ou 9% no cheque especial, ou de 4,5% a 6,5% no empréstimo pes-soal, por exemplo, agora pode conseguir dinheiro a 2% ao mês, em média, o que é um grande avanço provocado pela medida provisória editada pelo governo”, disse Feijóo.

“Isto não significa que o trabalhador deva sair se endividando doidamente por aí. Ao contrário, os companheiros devem aproveitar o empréstimo para trocar suas dívidas caras por dívidas mais baratas para que sobre um pouco mais de dinheiro no fim do mês”, prosseguiu.

“Os companheiros precisam prestar atenção especial se resolverem fazer um financiamento para adquirir algum bem. Todos devem prestar bastante atenção para as taxas e ver se não é melhor optar pelo empréstimo com desconto em folha para pagar à vista. Estas operações devem ser fontes de economia e não de endividamento das pessoas”, insistiu Feijóo.

Ele fez os comentários ontem, durante a assinatura do acordo entre o Bradesco, a Ford e o Sindicato. Os companheiros na Ford são os primeiros contratados em uma montadora do ABC a aderir à iniciativa do crédito consignado. O ato também foi o primeiro que o Bradesco assinou com uma entidade filiada à CUT.

>> Na Ford, empréstimo a partir de janeiro

O coordenador-geral da representação dos trabalhadores na Ford, Rafael Marques da Silva, explicou que todos os trabalhadores na fábrica, mesmo os que não recebem pelo Bradesco, serão beneficiados pelo acordo.

“Os bancos sempre ganharam muito dinheiro em cima de nós. Agora dão a contrapartida”, afirmou. “Infelizmente, o Unibanco não assinou o protocolo com a CUT. Mas nenhum companheiro na Ford sairá perdendo por isso”, garantiu. “Ao contrário, quem pode perder é o Unibanco, pois muita gente deve deixá-lo”, acredita.

Segundo Rafael, a partir de hoje os trabalhadores na Ford de São Bernardo com conta no Bradesco podem procurar a agência na fábrica para tratar do empréstimo. Hoje também o banco montará postos nas áreas para atender o pessoal que não recebe pela instituição (como os que recebem pelo Unibanco).

O dinheiro só começará a ser liberado em janeiro.