Encontro de cipeiros no Sindicato aponta novos desafios na luta pela saúde dos trabalhadores

Doenças psicossociais e denúncias sobre assédio também foram pautas. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, só em 2023 ocorreram em todo o país 499.955 acidentes

Foto: Adonis Guerra

No Dia Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, 27 de julho, os Metalúrgicos do ABC realizaram encontro de cipeiros na Sede, em São Bernardo. O diretor executivo do Sindicato, responsável pelo DSTMA (Departamento de Saúde, Trabalhador e Meio Ambiente), Genildo Dias Pereira, o Gaúcho, afirmou que um dos objetivos da atividade é a aproximação cada vez maior com estes trabalhadores que atuam na linha de frente da saúde e prevenção de acidentes nas fábricas da base.

Foto: Adonis Guerra

“A nossa responsabilidade tem aumentado muito. Hoje a gente discute não só as condições que geram LER, DORTs e demais acidentes, mas novos desafios, como o burnout. As tecnologias estão mudando, as formas de trabalho se aperfeiçoando e não são apenas os acidentes de trabalho nossa preocupação. Agora existem as doenças psicossociais e o assédio”, disse o dirigente.

Gaúcho lembrou que, segundo dados do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), só em 2023 ocorreram em todo o país 499.955 acidentes de trabalho. Deste total, 2.888 foram fatais. Dentre os setores que mais registraram acidentes de trabalho com mortes e lesões graves estão construção civil e de transporte rodoviário de cargas e passageiros.

“E nesta conta ainda não estão os microempreendedores individuais, trabalhadores autônomos, motoristas de aplicativos e entregadores. É uma questão muito grave”, afirmou Gaúcho. “É preciso que a gente se prepare, aprenda e lute contra este sistema. Esse é o papel dos cipeiros, que se desafiam, se colocam à disposição sem ganhar nada para zelar pela sua segurança e pela segurança e a vida dos companheiros com quem trabalham na mesma empresa”.

Orientação

Foto: Adonis Guerra

Durante o encontro com os cipeiros, a procuradora do MPT (Ministério Público do Trabalho), Sofia Vilela, destacou a missão de cada trabalhador nesta função. “Vocês são aquelas pessoas que foram selecionadas para chamar atenção, reivindicar direitos, dizer que algo está errado e também atuarem na prevenção”, afirmou. “E os canais de denúncias, desde que sejam eficientes, também são apoio nesta luta”.

Sofia contou que recebe muitas dúvidas relacionadas à violência e assédio no ambiente de trabalho, sobre o que pode ser configurado e como atuar. “Por força da lei 14.457, as CIPAs agora são também obrigadas a incluir a temática da violência, assédio moral, assédio sexual no ambiente de trabalho”.

“O assédio e a violência, pela Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho, é toda forma de constrangimento, humilhação, e não precisa mais constar repetição. Antigamente, registrávamos o assédio sempre com necessidade de repetição da conduta. Hoje, a depender da situação, um ato único pode ser considerado uma situação de assédio”.

Foto: Adonis Guerra

Dados

O Brasil ocupa hoje o terceiro lugar entre os 50 países com mais mortes em acidentes em números absolutos, atrás apenas da China e Estados Unidos, segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho). Nos últimos dez anos, registrou cerca de 6,7 milhões de acidentes de trabalho, com mais de 600 mil sinistros apenas em 2022. Os dados incluem apenas os trabalhadores formais, excluindo aqueles que não têm registro ou estagiários.