Enquanto outros países preservam empregos e injetam trilhões na economia, Brasil não garante estabilidade
Sindicato cobra medidas mais robustas a exemplo de experiências internacionais positivas
Um levantamento do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) detalha como diversos países vêm agindo para minimizar os efeitos econômicos da pandemia do Coronavírus, entre eles, além do Brasil, Alemanha, China, Espanha, Estados Unidos e Reino Unido.
De acordo com o documento, entre as medidas estão adiamento de impostos, transferência de renda a famílias e empresas, garantia pública de empréstimos, subsídios para o pagamento de parte dos salários, reforço dos gastos em saúde e pesquisa científica. Alguns países ainda ampliaram subsídios e previram injeção de capital em empresas.
Países, como Alemanha e do Reino Unido, adotaram mais cedo ações significativas de estímulo fiscal, enquanto em outros, como Estados Unidos e Brasil, a reação se deu depois.
O secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, destacou que o governo brasileiro atendeu a reivindicação do movimento sindical para complementação salarial e garantia de emprego, mas fez críticas à Medida Provisória.
“Nos outros países os governos estão prevendo manutenção dos empregos para todos os trabalhadores para não derrubar ainda mais a economia, o que não estamos percebendo aqui. Aqui o governo só anunciou medidas, como a complementação de renda, depois da pressão das centrais sindicais, mas ainda é pouco. O governo não está de fato colocando dinheiro suficiente para cobrir salários”.
“Precisamos olhar para as experiências positivas de outros países para não deixar a economia quebrar de vez. Vamos continuar pautando os governos federal e estadual para que haja complementações mais robustas dos salários, para que os trabalhadores não percam a renda e tenham garantia de emprego, sempre passando por negociação coletiva e fiscalização dos Sindicatos”, concluiu.
Conheça as ações para manutenção da economia no mundo
• Nos EUA, o Federal Reserve baixou a taxa básica de juros e a de redesconto para próximo de zero, e injetou US$ 3 trilhões (dólares) em liquidez adicional na economia.
• O Banco Central Europeu adotou medidas como a oferta de € 3 trilhões (euros) em liquidez por meio das operações de refinanciamento, para que os bancos possam continuar emprestando, e a criação do Programa de Compra de Emergência Pandêmica, para adquirir ativos no montante de até € 750 bilhões.
• O banco alemão KfW foi autorizado a emprestar com garantia estatal até € 550 bilhões às empresas no pacote Escudo de Proteção às Empresas e aos Trabalhadores. O governo federal cobre 60% da remuneração dos trabalhadores para as empresas em dificuldade que não demitirem, com liberação rápida de recursos; subvenções diretas e adiantamentos reembolsáveis de até € 800 mil por empresa afetada e a criação de um fundo de estabilização econômica da ordem de € 600 bilhões, principalmente para grandes empresas.
• A Espanha anunciou o maior pacote de estímulo econômico de sua história (€ 200 bilhões).
• Na China, foram adotadas dedução de impostos e isenção de taxas para empresas e contribuintes de setores relevantes. Quando a epidemia começou a diminuir, o governo central se concentrou em ações para reativar a economia.
• No Reino Unido, as empresas contam com garantias públicas de empréstimos, programa para fornecer subsídios para empresas até 80% dos salários dos trabalhadores com dotação, diferimento e cortes de impostos, entre outras ações.