Enquanto povo morre, governo pede propina para comprar vacina contra Covid-19
Denúncias apontam que Ministério da Saúde cobrou propina de 1 dólar por dose para fechar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca
As denúncias de cobrança de propina para compra de vacina envolvendo o governo Bolsonaro deixam claro o desprezo desses que hoje ocupam o poder pelo povo brasileiro. As últimas evidências apontam que, enquanto milhares de pessoas morriam por falta de vacina, o governo tentava tirar vantagem financeira da compra de imunizantes e recusava vacinas aprovadas pela Anvisa por não conseguir barganhar.
“Desde que assumiu, o atual governo trata os brasileiros com descaso e irresponsabilidade, na pandemia conseguiu piorar ainda mais essa relação. São denúncias como essas que deixam claro o falso moralismo, falsas promessas e mentiras sobre o fim da corrupção. Fica evidente que parte do povo, os eleitores iludidos de Bolsonaro, foram enganados”, avaliou o diretor executivo do Sindicato, Carlos Caramelo.
O dirigente lembrou que a população foi abandonada quando mais precisou, ficando entregue à própria sorte sem medidas de enfrentamento à pandemia, enquanto, dentro do Ministério da Saúde, se operava um crime de corrupção.
“No momento em que a população mais precisou, com os índices de desemprego batendo recorde, com diminuição do papel do Estado, com virada de costas para os servidores públicos, com o abandono do SUS e quando a população precisava da vacina para ter vida, esses que hoje ocupam o poder deixaram brasileiros morrer sem vacina por pura ganância e falta de humanidade”, reiterou.
Entenda o caso
Denúncia de propina 1
Em entrevista exclusiva publicada no jornal Folha de S. Paulo na última terça-feira, 29, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, afirmou que o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, indicado para o cargo pelo deputado Ricardo Barros (PP-SC), que agora nega a indicação, cobrou propina de 1 dólar por dose para fechar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.
De acordo com Dominguetti Pereira, o pedido de propina aconteceu em um shopping de Brasília, em 25 de fevereiro. Cada dose do imunizante, pela oferta feita naquele momento, custaria 3,5 dólares (sem considerar a propina).
No jantar em que se desenrolou a proposta, estavam presentes, além do representante da Davati e de Roberto Dias, “um militar do Exército e um empresário lá de Brasília”, segundo o relato feito ao jornal.
Um dia depois do encontro, Dominguetti afirma que teve uma agenda oficial com Roberto Dias no Ministério da Saúde. Por não haver o pagamento da propina solicitada, o negócio com o Ministério da Saúde teria sido encerrado. Dias foi exonerado após as denúncias.
“Aí depois nós tentamos por outras vias, tentamos conversar com o Élcio Franco (ex-secretário-executivo da Saúde), explicamos para ele a situação também, não adiantou nada. Ninguém queria vacina”, disse Dominguetti à Folha.
Denúncia de propina 2
Em reportagem exclusiva, a Revista Crusoé afirmou que, após avisar Bolsonaro sobre as irregularidades na compra da Covaxim, o deputado Luís Miranda teria recebido uma oferta de propina para não atrapalhar a negociação.
De acordo com a reportagem, o deputado chegou a participar de uma reunião com Silvio Assis, lobista ligado ao deputado Ricardo Barros. Na ocasião, teria recebido uma oferta milionária para que ele e o irmão não atrapalhassem as negociações envolvendo a compra da Covaxin, mas não se falou em valores.
Cerca de um mês depois deste primeiro encontro, o deputado Miranda participou de uma nova reunião, no mesmo local, com Assis. Desta vez, Barros esteve presente. Uma nova oferta de propina foi feita: cerca de R$ 1 milhão pela “parceria” no negócio.
Com informações da CUT