Ensinar exige alegria e esperança

Encerramos a série de artigos sobre educação libertadora comentando um dos trechos mais envolventes do livro Pedagogia da Autonomia, no qual Paulo Freire fala da importância da alegria e da esperança na prática pedagógica.

Ele parte do pressuposto de que o ser humano não está pronto e acabado, mas em processo contínuo de humanização e de busca. A esperança torna-se, neste sentido, um elemento recorrente desse processo, “uma espécie de ímpeto natural e necessário (…) indispensável à experiência histórica. Sem ela, não haveria História, mas puro determinismo” .

Ele nos convida superar, na prática pedagógica, a visão mecanicista de história, na qual o futuro é pré-determinado e previsível. Em seu lugar, propõe a problematização do tempo presente e do tempo futuro, que ainda estão por ser construídos. A trajetória entre esses dois momentos históricos deve ser permeada pelo sonho, pela utopia e pela esperança, sem os quais a travessia de um para o outro não faz sentido.

O sentimento de esperança e a convicção de que mudar é possível, até nas situações mais adversas, devem permear a relação de ensino e aprendizagem, criando condições para que o aluno desenvolva uma prática de intervenção na realidade cotidiana, buscando sua transformação.

A superação do presente nem sempre é um processo fácil. Nessa busca, o risco de se sucumbir ao conformismo é grande, diante de uma realidade dura, cujos limites possam ser aparentemente intransponíveis. A certeza absoluta de conhecer todos os passos do caminho pode se tornar outro grande risco.

Entre os dois extremos, o conformismo e o voluntarismo, há um outro caminho onde o saber vai se construindo através de descobertas novas, instigado pelo inconformismo e pela esperança, saber que amplia a compreensão dos desafios atuais e torna mais claro onde se quer chegar. Esse é o caminho da educação libertadora.

Departamento de Formação