Ensino da cultura afro não chegou nas escolas

Sancionada pelo presidente Lula em janeiro de 2003, a lei que estabelece o ensino das culturas africana e afro-brasileira nas escolas ainda não se tornou realidade nas salas de aula do Brasil.

Diante desta constatação, o Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) têm tomado iniciativas e estimulado a criação de projetos para incentivar a aplicação da lei.

Uma delas é o concurso que pretende premiar projetos de material didático-pedagógico voltado ao reconhecimento e à valorização da história e identidade dessas culturas. É uma iniciativa do MEC em parceria com a Unesco e compreende as categorias livros, vídeos, e jogos e brinquedos para os vários níveis de educação.

O prazo para inscrição dos trabalhos vai até 21 de junho, e poderão participar brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil. O prêmio para o primeiro lugar de cada modalidade será de R$ 20 mil. Mais informações podem ser obtidas junto à portal da Unesco na internet, no www.unesco.org.br/areas/educacao

Iniciativas – Esta é a segunda iniciativa recente adotada com o objetivo de agilizar a aplicação da lei do ensino afro. Em março passado, a Seppir promoveu curso de capacitação para o ensino das culturas africana e afro-brasileira nas escolas, dentro do projeto A Cor da Cultura, desenvolvido em parceria com empresas e a sociedade civil. Os cursos atingiram dois mil professores do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia.

Durante a capacitação, os docentes aprenderam a trabalhar com o material educativo preparado especialmente para o projeto, o que inclui programas de televisão, jogos e livros. Estes professores agora deverão atuar como multiplicadores; ou seja, vão repassar os ensinamentos aos colegas em suas escolas.

A idéia, segundo a Seppir, não é inserir uma nova disciplina na grade curricular de ensino, mas sim colocar elementos dessas culturas e da formação do povo brasileiro nas disciplinas já existentes.

Palestras – O ensino afro nas escolas é também uma preocupação da Comissão de Combate do Racismo dos Metalúrgicos.

Nas visitas que Ana Nice Martins, coordenadora da Comissão, tem feito às fábricas, ela destaca a importância da medida para proporcionar às crianças negras a afirmação de sua identidade, além de impedir que as nãonegras formem imagem estereotipada da história do Brasil, normalmente contada a partir do ponto de vista dos brancos.