Entidades empresarias acreditam em que juros caem e que Brasil reagirá bem a crise
Monteiro Neto defendeu que o País retome a agenda das reformas estruturais
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, afirmou na terça-feira que os juros básicos da economia começarão a cair brevemente. “Se o mundo mudou, o cenário externo mudou, e todos os países estão rebaixando os juros, porque o Brasil faria diferente? Faço uma aposta de que os juros no Brasil começam a cair agora, não sei em que momento, se nesta reunião do Copom ou na próxima”, disse Monteiro Neto, momentos antes da abertura do 3º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), promovido pela CNI.
O presidente da CNI disse ainda que o crescimento econômico brasileiro para este ano “já está contratado” e não deverá sofrer reflexos da crise internacional de crédito. “O desafio é saber o que vai ocorrer em 2009. O Brasil terá sim uma desaceleração, só não se sabe de qual tamanho”, afirmou. De acordo com ele, já há setores da indústria se reprogramando para a “nova economia.”
Monteiro Neto defendeu que o país retome a agenda das reformas estruturais. “Dessa crise a lição que fica é que o Brasil se beneficiou de um cenário externo muito bom e deixou de lado as reformas. Mas os ventos mudaram e o Brasil precisa enfrentar as reformas”, salientou. Para ele, neste momento é preciso acelerar a tramitação da reforma tributária, voltar a discutir a reforma da Previdência Social e a das relações de trabalho.
O presidente da CNI avaliou ainda que, num momento de crise, os investimentos, principalmente os em infra-estrutura, não podem parar. “Os essenciais, que não podem ser interrompidos, são os em geração de energia, por exemplo”, disse. Segundo ele, o setor público não terá condições de fazer todo o investimento de que o Brasil precisa (em torno de US$ 20 bilhões a US$ 25 bilhões por ano), então as empresas privadas precisam participar. “Para isso, o crédito tem de ser destravado”, analisou.
Armando Monteiro Neto também comentou sobre a possibilidade de, com a crise internacional, a China ganhar ainda mais mercado. “O mundo inteiro teme que com essa retração internacional a China possa voltar-se ainda mais ao mercado externo e conquistar mais espaço com seus produtos baratos”, avaliou. Ele ressaltou que a tomada de medidas protecionistas de curto prazo, de modo a se defender do avanço chinês, não é saudável. “É preciso ter cuidado para que a resposta protecionista não termine por produzir mais recessão”, finalizou.
Da CNI