Escândalo em São Bernardo: Contrato de Dib precariza educação

O Ministério Público investiga contrato milionário da Prefeitura de São Bernardo para a compra de cartilhas de alfabetização. Além da suspeita de desperdício do dinheiro público, as crianças da rede municipal estão sem as cartilhas, sofrendo com um precário sistema de educação na cidade.

As cartilhas foram compradas em 2003. Por serem muito ruins, no mesmo ano pararam de ser entregues. Desde então, as crianças não contam com livros didáticos.

Elas têm que estudar com cópias de material preparado pelos professores.

Isso tudo é resultado do cancelamento de um contrato feito no fim de 2002 entre a Prefeitura de São Bernardo e uma empresa do Paraná, a Filosofart, que ficaria responsável por fornecer cartilhas para todos os alunos da rede municipal por um período de cinco anos. O total do negócio é de R$ 33 milhões.

O promotor Fernando Belaz explica que só a Filosofart foi convidada para compra dessa grande quantidade de livros didáticos.

A justificativa para a compra foi que as cartilhas serviam à política de educação da Prefeitura. Assinaram os contratos o então Secretário de Educação Admir Ferro e a diretora do departamento de Ações Educacionais Neide Felicidade Fourniol.

Os alunos receberam a primeira remessa das cartilhas em 2003. A prefeitura pagou R$ 5,7 milhões. Professores e pais criticaram o material considerado pedagogicamente fraco e cheio de erros.

Diversos pais e alunos entrevistados na edição de ontem do  SPTV da Rede Globo mostram o descalabro que se tornou a educação fundamental na cidade com a falta de material didático.

As crianças mal sabem ler e escrever. Professores também entrevistados apontaram erros na cartilha e problemas de conteúdo.

A pedido do Ministério Público, as cartilhas foram analisadas por educadores da USP, que reprovaram os livros de língua portuguesa, matemática, ciências e geografia.

Por tudo isso elas foram recolhidas. Só que as crianças ficaram sem nada, quando poderiam contar com material de qualidade do Ministério da Educação, que fornece material didático gratuitamente, quando em São Bernardo a prefeitura gastou R$ 126,00 por aluno para compra de cartilhas que não servem para nada.