Escola “Dona Lindu” recebe primeira turma do Trabalho e Cidadania do ano
Cerca de 20 trabalhadores na Scania, Volks, Mercedes, Arteb, Ford, IGP, Delga, Metaltork e Mardel participaram ontem do primeiro encontro do ano do programa Trabalho e Cidadania.
A novidade é que a partir de agora, as aulas serão ministradas na Escola Livre para Formação Integral “Dona Lindu”, na Regional Diadema do Sindicato.
O acordo conquistado – de forma inédita no Brasil durante a Campanha Salarial de 2009 – prevê a liberação do trabalhador uma vez por ano, durante um dia inteiro, para estudar e debater temas sobre formação, relações de trabalho, saúde e cláusulas sociais.
“Esse é um passo importante para a vida da Escola e principalmente da região”, comemorou o diretor de Organização do Sindicato, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho (foto).
“Tudo isso aconteceu porque a nossa estrutura acolhe e integra ainda mais as atividades do departamento de Formação, envolvendo a categoria e toda a sociedade”, prosseguiu.
Em dezembro passado, Bigodinho esteve reunido com responsáveis por Recursos Humanos em mais de dez empresas da base para apresentar o programa. “Proporcionar essa formação aos companheiros é resultado do amadurecimento das nossas relações e do processo de diálogo que conquistamos ao longo destes anos”, lembrou Bigodinho.
Criado há quatro anos e meio, o Trabalho e Cidadania possui três módulos com temas como cláusulas sociais, saúde e segurança do trabalho. Neste período, foram realizadas 293 atividades, em mais de 1.700 horas de formação com 6.233 participações.
O programa já contou com os trabalhadores na Mercedes, Ford, Itaesbra, IGP, Toyota, Delga, Melling, Sumont, Scania e Rolls-Royce. Atendendo pedidos dos trabalhadores foram incluídos nos debates o novo Regime Automotivo, o Inovar-Auto, e a política industrial para a região, defendida pelo Sindicato.
Companheiros no Trabalho e Cidadania!
“O Trabalho e Cidadania identifica a importância das lutas, como as grandes greves, a primeira Comissão de Fábrica e os processos de negociações nas fábricas. O curso é a oportunidade certa para a formação do trabalhador na luta para garantir seus direitos e o emprego.”
João Paulo Oliveira dos Santos, CSE na Metaltork
“O curso é sensacional e mostra que o trabalho do CSE vai além da sala da representação na fábrica. A estrutura é muito maior, com a Sede e regionais. Os trabalhadores conhecem como são feitos os acordos com as fábricas, inclusive no âmbito social, como a conquista dos 180 dias pela licença-maternidade.”
Leila Patrícia Santana do Nascimento, CSE na Scania
“Para trabalhadores como eu, que vieram do Senai e são a juventude na fábrica, fica difícil mensurar as grandes lutas e como as negociações sempre aconteceram. Antes do movimento na Volks, eu não tinha a percepção da energia que tem os metalúrgicos do ABC, agora eu sinto esta solidariedade”.
Rodrigo Viana de Souza, na montagem final na Ford
“Os companheiros quando entram na montadora não sabem que os direitos garantidos foram à base de um processo de luta e mobilização. Eles acham simplesmente que a empresa deu os benefícios. O curso é necessário para mudar esta visão, ainda mais depois de uma luta tão difícil que foi a greve na Volks em janeiro.”
Renato Carlos de Almeida, CSE na Volks
“Foi uma surpresa assistir ao vídeo de formação e descobrir quanta coisa já aconteceu com os metalúrgicos. Uma curiosidade foi saber que o presidente do Sindicato, por exemplo, não tem salário. O curso resgata que os trabalhadores são personagens e também autores da sua própria história”.
Igor Sampaio de Melo, no almoxarifado na IGP
Da Redação