Escola unitária e sistema educacional
Temos abordado nesta coluna o tema da qualificação profissional e o sistema público de ensino. Um dos principais desafios a ser enfrentado na formulação de uma nova política para esta área é o de construir um novo modelo de escola unitária, na qual o ensino formal não esteja desvinculado do ensino profissionalizante.
A defesa da escola unitária requer uma compreensão de que no Brasil houve uma divisão entre esses dois campos do ensino. Ela foi provocada por uma concepção de que aos trabalhadores deveria ser reservado o ensino profissional, visto como espaço de qualificação e de preparo do futuro trabalhador para a disciplina fabril. Em outras palavras, os filhos dos trabalhadores não deveriam ter expectativa de chegar à universidade e de conquistar novas oportunidades no mercado de trabalho, reservadas aos membros de outras classes sociais.
Desigualdade
Ao manter esta dupla estrutura de ensino, a política educacional também contribuiu para preservar e consolidar a desigualdade social resultante da estrutura de classes existente na sociedade e de um mo-delo secular de desenvolvimento excludente.
Do ponto de vista dos sistemas educacionais, pensar uma nova hegemonia é conceber uma sociedade na qual crianças, adolescentes, jovens e adultos possam exercer o direito à diferença – poder escolher livremente a carreira profissional e ter acesso ao sistema público de ensino – sem que isso se constitua em desigualdade.
Em outras palavras, uma nova política educacional deve criar condições para que a escolha de uma trajetória educacional e profissional não seja mais determinada pela origem de classe.
Departamento de Formação