Especialistas criticam “impostômetro”

  

Especialistas em finanças contestam a maneira como a Associação Comercial de São Paulo e o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) usam o “impostômetro” que criaram para medir a carga tributária no País.
Segundo o “medidor”, desde o início do ano até a semana passada os brasileiros pagaram R$ 400 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais.
Para Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o cálculo está errado porque se baseia apenas na arrecadação bruta e não na arrecadação líquida de impostos. Isto é, leva em consideração apenas o que o Estado cobrou sem descontar o que restituiu.

Má distribuição
“A cada R$ 3,00 arrecadados, R$ 2,00 são devolvidos na forma de subsídios, isenções, transferências sociais e pagamento dos juros da dívida pública”, explica Pochmann. “Os impostos que as duas entidades dizem pagar já estão embutidos nos preços dos produtos que comercializam. Na verdade, quem paga é o consumidor”, adverte Pochmann.
O economista Adriano Faculdade de Economia da USP, assinala que o problema não é o tamanho da carga tributária, mas sua distribuição. “Os impostos recaem sobre os setores mais pobres da sociedade”, afirma.
O consultor de finanças públicas, Amir Kahir, concorda. “Quem paga imposto no Brasil é da classe média para baixo”. Conforme o especialista, as pessoas que recebem até dois salários mínimos usam até 49% de seus salários para o pagamento de tributos. Mas, quem tem vencimentos acima de 30 salários mínimos, paga o equivalente 26% dos seus rendimentos.
“Quem ganha mais paga menos, fato que não é destacado pelas associações comerciais nem pelas empresas de forma geral”, critica Amir.