“Espero que segunda-feira não tenha que dizer aos meus alunos que não temos mais constituição”, diz Bercovici
(Foto: Edu Guimarães)
Durante o debate ‘O combate à corrupção e os impactos sobre a economia’, realizado ontem na Sede, o advogado Gilberto Bercovici, professor de direito econômico da Universidade de São Paulo, levantou pontos polêmicos da Operação Lava Jato, como a influência da mídia, a atuação do juiz Sérgio Moro e a condenação precipitada de empresas.
Queda no setor de construção civil desde o início da Lava Jato
“Toda a cadeia produtiva está sendo afetada. Se a Petrobras deixa de comprar alguma coisa, é o fornecedor que deixa de vender e de comprar do outro, e assim quebra a empresa pequena que nem sabia que vendia para Petrobras. Ela acaba sofrendo as consequências de todo esse ataque ao setor petrolífero e ao setor de construção civil”.
Condenação da empresa
“A Lava Jato está misturando tudo, ela prende o diretor e ao mesmo tempo já condena a empresa. A pressão da mídia e da opinião pública, obriga a parar tudo. A lei brasileira tem que condenar quem cometeu o ato, mas a empresa tem que continuar funcionando”.
Mudanças na legislação
“A legislação de combate à corrupção mudou. O Brasil, nos últimos anos, assinou uma série de acordos internacionais de combate à corrupção e esses acordos ratificados no Congresso Nacional passam a valer como lei”.
Apoio da Mídia
“O que mudou, além da legislação, é que pela primeira vez uma operação tem o apoio da mídia. Qualquer coisa que acontece na Lava Jato é logo destaque gigantesco na mídia tradicional. A mídia dá força social para as operações”.
Delação
“A delação premiada está prevista em lei e esse é o problema chave da Lava Jato, onde as garantias individuais estão sendo violadas. Por mais justo e legítimo que seja o combate à corrupção, as pessoas não podem ser torturadas”.
Ataque aos direitos e à constituição
“A crise econômica virou consequência da crise política, agravada por um detalhe: esse pessoal, tanto da Lava Jato como o que está promovendo o golpe no Congresso, tem por objetivo desmontar a Constituição de 1988, destruir os direitos trabalhistas e entregar o Pré-Sal.”
“Espero que segunda-feira não tenha que dizer aos meus alunos que não temos mais constituição.”
Da Redação