Estação Pinheiros do Metrô é inaugurada inacabada e sob protestos

A estação Pinheiros da Linha 4-Amarela do Metrô, inaugurada nesta segunda-feira (16/5), foi marcada pela tragédia de 2007, que abriu uma cratera de 80 metros de profundidade, deixou sete pessoas mortas e provocou danos a centenas de imóveis da região. Ao todo, pelo menos nove pessoas morreram na construção da linha. Em 2006, um operário morreu no canteiro da estação Oscar Freire, e um engenheiro foi vitimado em fevereiro deste ano na Fradique Coutinho.

A quarta parada da linha é colocada em funcionamento quatro anos e quatro meses após um acidente que abriu uma cratera de 80 metros e deixou sete mortos.

A inauguração incluiu um protesto de ativistas do Movimento do Passe Livre (MPL) e de familiares das vítimas, além de moradores de Pinheiros e de bairros vizinhos.  Elenildo Adriano da Silva (tio de Wesley Adriano, vítima do acidente de 2007), acusa o governo paulista de não cumprir o prometido. “Na época o governador se comprometeu a dar apoio psicológico para as vítimas, esse apoio nunca veio. Viemos marcar presença para a população saber que isso não é só lindo e maravilhoso, existiram vítimas morais, algumas perderam a vida, outras perderam o cotidiano”, disse.

Presente ao protesto, o vice-presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Sérgio Renato, criticou a maneira como as obras estão sendo tocadas pela administração do Estado. “Essa parceria publico-privada [modalidade escolhida para a construção da linha Amarela] é a privatização piorada, em que o governo dá completa lucratividade para a empresa. Trinta anos [período de vigência do contrato] é o tempo que os trens duram, isto é, quando esse tempo passar, o Estado vai ter que arcar com a modernização do material”, explica, para emitir sua avaliação em seguida: “Antes se falava que o governo pagava 70% da obra, hoje ele paga 90%.”

Estação é inaugurada inacabada
A Estação Pinheiros começa a operar, mas sem itens que facilitariam a vida do usuário. Como a integração com a Linha 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o terminal de ônibus anexo, banheiros públicos, sinal de celular e wireless (internet sem fio).

Usuários que quiserem transferência para a CPTM terão de pagar mais R$ 2,90 – a promessa de “integração improvisada” feita em abril pelo secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, foi inviabilizada pela ViaQuatro, concessionária responsável pela operação da linha.

O “improviso” daria aos passageiros do Metrô tíquete para embarcar de graça na CPTM – e vice versa – até construção da passarela que permitirá integrar os sistemas. A transferência gratuita só deve começar em 30 de junho.

O gestor de atendimento da ViaQuatro, José Luiz Bastos, diz que usuários terão opção de descer na Estação Cidade Universitária da CPTM e usar a Ponte Orca, que faz transporte de ônibus até a Estação Vila Madalena da Linha 2-Verde do Metrô.

Já a integração com o Terminal Intermodal Pinheiros, projetado pela Prefeitura, não tem prazo. A obra faz parte da revitalização do Largo da Batata e estava prevista para dezembro. Mas o canteiro de obras, ao lado da estação de Metrô, na Rua Capri, está vazio. A SP Obras informou que a retomada do projeto deve ocorrer no segundo semestre. A conclusão levará mais de um ano.

Na prática, além de pagarem duas tarifas, passageiros do Metrô que tiverem de usar trem terão de andar 600 metros entre as duas estações. As calçadas, principalmente da Rua Capri, estão esburacadas ou não existem. Quem precisar de ônibus terá de caminhar até vias já próximas da Estação Faria Lima do Metrô.

Da Assembleia PT, com informações da Rede Brasil Atual e Jornal da Tarde