Estado de SP exclui ABCD de políticas para o petróleo
Articulação do Estado para a exploração do petróleo excluiu representantes de trabalhadores e secretarias de desenvolvimento da Região
Os trabalhadores da Região não participaram da elaboração da política pública desenvolvida pelo governo do Estado de São Paulo para alavancar a cadeia de petróleo e gás em função da exploração do pré-sal. O grupo não foi representado por nenhuma entidade e não participou do projeto da Secretaria de Desenvolvimento estadual, que começou a ser produzido há dois anos. As secretarias municipais de desenvolvimento da Região também não foram diretamente envolvidas.
Nesta semana, a Secretaria de Desenvolvimento estadual lançou na Capital, a publicação “Petróleo & Gás no Estado de São Paulo: panoramas, desafios e políticas públicas”, estudo sobre os principais pontos estratégicos para o desenvolvimento sustentável do setor petrolífero no Estado. Desenvolvido pela Cespeg (Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural do Estado de São Paulo), o guia teve como base o trabalho de nove grupos de estudo. Os trabalhadores e as secretarias do ABCD não participaram de nenhum deles.
De acordo com o diretor do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo, Carlos Alberto dos Santos, o ABCD sempre esteve fora dos projetos do governo do Estado. “Não sabíamos dessa publicação nem tampouco desse evento realizado em Santo André, nesta semana”, aponta Santos, que também é coordenador da regional do sindicato em Mauá.
“Os trabalhadores estiveram representados pela UFABC (Universidade Federal do ABC) no grupo de ciência e tecnologia. A cadeia de fornecedores e as empresas participaram através de entidades como Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) e Abimaq (Associação Brasileira da Indústria e Máquinas e Equipamentos)”, rebate o coordenador de Infra-estrutura e Logística do Estado, José Roberto dos Santos.
Participação
Na última quarta-feira (27/10), a secretaria estadual promoveu um seminário para empresários interessados nas oportunidades de negócios do setor de petróleo e gás natural no teatro do SESI Santo André. Foi a sétima edição do evento de uma série de 10 a serem realizados no Estado. O objetivo é apresentar os mecanismos de participação no cadastro de fornecedores da Petrobras e da Onip, organização formada por nove operadoras internacionais que atuam no Brasil.
Na ocasião, o secretário de desenvolvimento de Santo André, Charles Couto Camargo Júnior, foi o único titular da Região representante da pasta. De São Bernardo, participou o secretário-adjunto, Ronaldo Tadeu de Lima e de Mauá, a diretora de Saúde, Transferência e Renda, Vera Lúcia.
O secretário de Diadema, Luis Paulo Bresciani, disse ter sido convidado, embora dois dias antes do evento, e por questões de agenda não pôde comparecer. “Apoiamos esse tipo de iniciativa. Acompanho esse movimento do governo estadual e se houver qualquer tipo de parceria não vejo problemas, ao contrário, podemos ampliar o processo em benefício do desenvolvimento da indústria”, comenta.
O secretário de Desenvolvimento do Estado, Luciano Almeida, que deveria fazer a abertura do evento não compareceu. Relatório aponta impactos da exploração do petróleo no Estado
O relatório “Petróleo e Gás no Estado de São Paulo” é uma síntese dos estudos realizados pela Cespeg. A finalidade da publicação é servir como diretriz do programa paulista do petróleo com o intuito de identificar impactos econômicos, ambientais e sociais que a atividade petrolífera poderá gerar, além de incentivar pesquisas.
O Secretário de Desenvolvimento do Estado, Luciano Almeida, avalia que os impactos da atividade são de grande importância. “A mão de obra é um dos gargalos e é necessária a qualificação para não dependermos de importar pessoas”, afirma.
Ampliar a cadeia de fornecedores e mantê-la internamente é outro grande desafio. Conforme o secretário, o índice de nacionalização da produção atual é de 30% e o Estado responde por 50%. “Há possibilidade de aumentar essa participação”, resume. Ele ressaltou a importância do investimento em pesquisa e desenvolvimento para garantir a competitividade da exploração.
De acordo com estudo da Onip, toda a indústria de petróleo e gás no Brasil receberá investimentos de U$ 400 bilhões nos próximos 10 anos. “Temos que aproveitar essa oportunidade e ampliar a cadeia de fornecimento”, indica o secretário-adjunto da pasta, João Carlos Maranha.
Cadastro para fornecer é rigoroso
A meta da Petrobras de produzir um milhão de barris de petróleo/dia em 12 anos por conta do pré-sal amplia a possibilidade de negócios para a cadeia do setor. Para serem fornecedoras, as empresas precisam passar por um rigoroso sistema de cadastro.
Pelo CadFor, que pode ser acessado no site www.cadfor.com.br, as empresas devem atender a critérios financeiros, técnicos, gerenciais, de responsabilidade social, de saúde, meio ambiente e segurança.
No site da Petrobras (www.petrobras.com.br), através dos links para o “Centro de Negócios”, “Canal Fornecedor”, “Como se Cadastrar” e “Cadastro Corporativo”, é possível obter informações sobre a participação em licitações. A empresa interessada deve se inscrever, se identificar e responder ao questionário específico. No site também está disponível uma lista das demandas de materiais e equipamentos da Petrobras. Dentro da relação constam tubos de aço carbono, tubos de perfuração, motores diesel acima de 650 CV e cabos elétricos para BCS.
Do ABCD Maior (Niceia Climaco)