“Estou presidente. Sou dirigente sindical”, diz Lula
O presidente Lula fez uma veemente defesa da reforma sindical, depois de ouvir a proposta ser criticada por sindicalistas na abertura de reunião da Orit (Organização Regional Interamericana de Trabalhadores) em Brasília.
Ele afirmou que o sindicalismo tem de se adaptar à nova realidade do trabalho e não ficar limitado a reivindicar melhores salários ou fazer críticas ao governo. “Para isso não precisa de sindicato, o povo faz em casa mesmo”, disse.
Em seu discurso de improviso por mais de uma hora, Lula revelou que tem muito interesse no assunto, inclusive porque quando deixar o governo voltará a participar das assembléias do Sindicato. “Eu não sou presidente, estou presidente da República. Eu sou mesmo é dirigente sindical”, desabafou.
E prosseguiu: “O dirigente sindical que quiser fazer em 2005 o tipo de sindicalismo que eu fazia na década de 70, vai fazer equivocado. Hoje, o dirigente tem que ser mais criativo e, sem nenhum sentido pejorativo à minha pessoa, mais inteligente e mais propositivo”.
Discurso
O presidente afirmou que era mais fácil ser sindicalista no seu tempo porque bastava “ir à porta de fábrica e fazer discurso”. Como, em sua opinião, hoje este comportamento é insuficiente, patrocinou a proposta de reforma sindical.
“Mas a reforma não é só do governo. O governo é cúmplice de uma proposta construída pelos mais importantes dirigentes sindicais brasileiros e pelos mais representativos setores empresariais”, prosseguiu Lula.
“Ninguém também pode sair dizendo que o governo está tentando impor a reforma”, alertou. “Ela está no Congresso e lá devem ser superadas as divergências”, destacou. “O que não pode é dirigente sindical continuar falando em liberdade e autonomia sindical e defender a cópia fiel da carta fascista baixada por Mussolini que permeia nossa estrutura sindical”, concluiu Lula.
Seu discurso foi aplaudido pelos sindicalistas ligados à CUT, mas recebido em silêncio por representantes da Força Sindical e da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), mostrando quem está contra e quem defende mudanças na estrutura sindical brasileira.