Estudantes da UFRJ visitam Sindicato e conhecem história de luta da categoria

Em atividade de campo, alunos de Geografia dialogaram com dirigentes sobre democracia e o papel social do sindicalismo no ABC

A Sede do Sindicato, em São Bernardo, recebeu na última sexta-feira, 7, um grupo de estudantes do quinto semestre do curso de Geografia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A visita integrou o trabalho de campo da disciplina Geografia Urbana, conduzida pelo professor William Ribeiro, e teve como objetivo aproximar os alunos da realidade do movimento sindical e do papel histórico desempenhado pela entidade na transformação social do país.

Na primeira parte do encontro, os estudantes participaram de um tour guiado pelas dependências do Sindicato, assistiram a uma exposição de fotos e a um vídeo sobre a histórica greve de 1983. Em seguida, acompanharam uma roda de conversa com dirigentes sindicais, entre eles o presidente do Sindicato, Moisés Selerges, e o diretor executivo Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, que compartilharam experiências, reflexões e os desafios contemporâneos da organização dos trabalhadores.

Moisés iniciou a conversa com uma saudação carregada de significado e destacou que o trabalho sindical vai além das pautas salariais. “Nosso propósito é defender uma sociedade melhor para todos. Ninguém aqui é feliz vendo pessoas dormindo nas calçadas, passando fome ou sem acesso à universidade. O Sindicato tem que representar o trabalhador também da cerca da fábrica para fora, como um Sindicato Cidadão”.

O dirigente reforçou que a atuação sindical envolve também a cobrança por políticas públicas. “Seja aqui na região do ABC, no Estado ou no governo federal, é nosso dever cobrar ações que garantam dignidade à classe trabalhadora”. Com um tom inspirador, Moisés falou sobre a importância de formar novas lideranças: “A sociedade que sonhamos não vai surgir amanhã. É uma luta constante. Precisamos forjar novas lideranças para assumir essa responsabilidade. Quando vejo jovens como vocês aqui, vejo esperança”.

Decisões democráticas

Em seguida, Luizão apresentou a estrutura e o funcionamento do Sindicato, reforçando o caráter democrático das decisões. “Aqui não há decisão de cúpula. Tudo é definido pelos trabalhadores em assembleia. Desde o final dos anos 1970, o Sindicato mantém essa prática: decisões tomadas coletivamente, com participação real da base”.

O dirigente explicou que o Sindicato representa cerca de 73 mil trabalhadores e trabalhadoras em quatro cidades — São Bernardo do Campo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra — e tem como principal base o setor automotivo. “A presença nas fábricas é a essência da nossa organização. São 161 dirigentes eleitos, e mais de 150 atuam diretamente no chão de fábrica. É ali que os problemas surgem e que construímos as soluções”.

A visita terminou com aplausos e troca de agradecimentos. Para os estudantes, o encontro foi uma aula prática sobre história, geografia e política, uma imersão na trajetória de uma das organizações mais emblemáticas do movimento sindical brasileiro, que continua a inspirar novas gerações na luta por um país mais justo e igualitário.