Estudantes denunciam descaso do governo com os jovens e convocam para protesto hoje

Concentração do ato em São Paulo será no Largo da Batata a partir das 16h

Hoje estudantes de universidades, institutos federais, escolas públicas e privadas, professores e demais trabalhadores na área da educação estarão nas ruas de todo o país para protestar contra os cortes anunciados pelo governo Bolsonaro. A manifestação foi convocada pela UNE (União Nacional dos Estudantes) e pela UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas). Em São Paulo, o ato será no Largo da Batata, com concentração a partir das 16h.

Estudantes da UFABC (Universidade Federal do ABC) de Santo André ouvidas pela Tribuna destacam que essa é uma luta de todos, já que os efeitos dos cortes em educação têm reflexos em todas as áreas. A preocupação dos jovens também está voltada para a reforma da Previdência.

“Precisamos mostrar que a luta dos estudantes é a mesma dos trabalhadores, inclusive a mesma Emenda Constitucional que congelou os gastos públicos por 20 anos em educação é a mesma que congelou em saúde. E essa reforma da Previdência afeta todo um sistema, todo o povo”, afirmou a secretária de integração do DCE (Diretório Central dos Estudantes) Sara Lorena, 21, que cursa bacharelado em Ciências e Humanidades e Economia.

A vice-presidente do DCE, Laura Passarella, 19, que cursa bacharelado em Ciências e Tecnologia, enxerga os cortes como uma chantagem do governo aos estudantes.

“Os cortes na educação surgem como uma barganha com os estudantes, eles dizem que vão descongelar os valores se a reforma passar. Além disso há também um projeto do governo para privatizar toda nossa educação pública e entregar nas mãos das grandes empresas privadas”.

Sara lembrou que o protesto por uma educação pública de qualidade também é uma luta por uma educação mais inclusiva. “Na nossa, por exemplo, temos mais de 50% de cotas, isso significa que pessoas de baixa renda, pessoas trans, pessoas negras estão ingressando nas universidades. É um índice bem mais alto que há alguns anos, e esse ataque representa um retrocesso”, completou.

Os cortes na pasta impactam diretamente na área de pesquisa dentro das universidades, outra grande preocupação dos estudantes. “Precisamos pesquisar, não para algo individual, mas sim para que algum dia não tenha mais seca no Nordeste, para que no Brasil não tenha mais ninguém passando fome. O objetivo das universidades é fazer avançar o país como um todo. Esse ataque à educação acaba sendo um ataque às pessoas que hoje são minorias nos espaços mais democráticos, as pessoas que têm baixa renda e não têm uma condição de vida minimamente humana”, alertou.

Para Laura, uma das principais motivações que levou tantos estudantes para as ruas no último dia 15 e que levará hoje é o fato de o jovem estar abandonado por este governo. “Hoje o jovem não tem perspectiva de futuro, batemos o recorde de desemprego e essa possibilidade de reforma da Previdência tira a possibilidade da gente se aposentar. O jovem, por se ver abandonado, fica revoltado e com muita disposição para ir à luta pelo que é nosso, para que a gente tenha de fato um futuro digno”.

“Mas essa revolta precisa ser direcionada a um programa político de Brasil. O papel do jovem é sim muito decisivo na hora de levar isso pra ruas e na hora de alcançar todos os espaços, somos nós que estamos nas universidades, nas escolas e nos piores empregos hoje”, completou Sara.

“Temos hoje alguns direitos que foram historicamente conquistados, muitas pessoas morreram para que tivéssemos esses direitos, para que pudéssemos falar abertamente sobre política. Hoje estamos lutando pelo mínimo que é não deixar que eles sejam retirados. As pessoas deram suas vidas para que tivéssemos o mínimo. E o que nós faremos? Estar nas ruas é o mínimo para quem entende o impacto que isso vai ter. Essa luta é decisiva!”, convocou Sara.

Fotos: Adonis Guerra