Estudantes e sindicatos chilenos marcam novos protestos para próxima semana
Mobilização iniciada em torno do modelo educacional se amplia após três meses. Estudantes consideram saldo positivo
O debate sobre o modelo educacional do Chile se arrasta desde o início do ano, mas há três meses estudantes e professores secundaristas e universitários mantém uma ampla mobilização, com uma série de protestos. Na quinta-feira (18), nova manifestação levou 200 mil às ruas das principais cidades do país, e novos atos estão marcados para a próxima semana, na quinta e sexta-feiras (24 e 25). É crescente a adesão de sindicatos de diferentes categorias, que chegaram a promover paralisações desde julho.
Na quinta, Sebastián Piñera, presidente chileno, apresentou um terceiro conjunto de medidas para mudar o modelo educacional. A presidenta da Federação de Estudantes da Universidade de Chile, Camila Vallejo, anunciou que os manifestantes rejeitam as propostas apresentadas pelo ministro da Educação, Felipe Bulnes, pois não envolvem “uma mudança estrutural”.
Desde 1982, as escolas e universidades são mantidas com subsídios, com a ideia de se promover a competição entre unidades públicas e privadas. No caso do ensino superior, não há gratuidade, apenas programas de bolsas e oferta de crédito privado – com juros considerados elevados, o que deixa os estudantes endividados ao final do curso, um dos principais motivos para o levante. A demanda de mais investimentos para o setor e a gratuidade no ensino superior são alguns dos pontos reivindicados.
Os anúncios seguem na mesma linha das medidas anteriores: mais bolsas para a população pobre no ensino superior e nacionalização da gestão da educação básica e secundária para o governo central – atualmente a maior parte das unidades são municipais, o que provoca problemas administrativos e de falta de verbas.
Um grupo de 40 estudantes secundaristas mantém-se, há 40 dias, em greve de fome como forma de pressionar o governo a mudar o modelo de ensino. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) expressou preocupação com a saúde dos jovens.
Trabalhadores e outros setores
Os mineiros do cobre realizaram paralisação de advertência em 11 de julho e se uniram aos protestos estudantis. Eles reivindicam melhores salários e o fim da perseguição aos sindicatos. Os bancários do Citibank, o maior banco privado do país, completou uma semana de greve na quinta.
Grupos ambientalistas criticam o governo contra o projeto de cinco usinas hidrelétricas na Patagônia chilena, chamado de HidroAysén. Indígenas mapuches e moradores de comunidades periféricas das principais cidades também apoiam o movimento.
Da Rede Brasil Atual