Estudo do BID diz que jovens latino-americanos não estão preparados para o mercado de trabalho
Apesar de terem obtido avanços na área da educação, os latino-americanos não estão colhendo os benefícios de ter mais crianças matriculadas nas escolas
Mais da metade dos latino-americanos entre 15 e 19 anos não têm um nível adequado de educação para conseguir um trabalho bem remunerado. No Brasil, o percentual de jovens nesta situação é de 71,6%. Os dados foram divulgados na segunda-feira pelo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e foram obtidos com base em testes internacionais de desempenho realizados com os estudantes da região.
O estudo aponta, no entanto, que os níveis de satisfação dos jovens da América Latina com a educação pública são altos, comparáveis aos de nações desenvolvidas. Países como a Venezuela, o Uruguai, Paraguai, a Bolívia, Honduras e a República Dominicana indicaram níveis de satisfação maiores que os do Japão, apesar de os estudantes desses países terem obtido uma pontuação 35% menor que a média obtida pelos estudantes japoneses.
De acordo com o estudo, isso acontece porque as pessoas com níveis menores de educação tendem a expressar uma melhor opinião em relação à qualidade dos serviços educacionais do que aquelas com mais anos de escolaridade. À medida em que os países melhoram o nível da educação, as críticas aumentam.
No Brasil e no Chile, por exemplo, onde o rendimento dos estudantes está entre os maiores da região, os níveis de satisfação são menores. No Brasil, a satisfação dos estudantes com a educação ficou em 64%.
O estudo do BID também avalia que, apesar de terem obtido avanços na área da educação, os latino-americanos não estão colhendo os benefícios de ter mais crianças matriculadas nas escolas, nem do aumento no número de anos de estudo. Isso porque, ao contrário de países da Ásia, por exemplo, na América Latina o crescimento econômico tem se baseado no aumento da força de trabalho, e não na educação.
Segundo o BID, os índices de alfabetização na América Latina duplicaram desde a década de 30, e hoje estão em 86%. A media de anos de escolaridade para a população maior de 15 anos, que em 1960 era de 3,5 anos, em 2000 era de sete anos.
“O acesso à educação primária avançou consideravelmente, o que permitirá os países da América Latina, quase sem exceção, a alcançar em 2015 a Meta de Desenvolvimento do Milênio de Educação Primária Universal”, diz o estudo.
O estudo do BID utilizou dados da Pesquisa Mundial do Instituto Gallup, que entrevistou mais de 40 mil pessoas em 24 países da América Latina e do Caribe, entre novembro de 2005 e dezembro de 2007.
O Ministério da Educação informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que considera os dados do estudo do BID defasados. No entanto, avalia que as ações que estão sendo desenvolvidas atualmente pelo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) têm como objetivo sanar os problemas apresentados.
Da Agência Brasil