“Eu estou de volta!”, afirma Lula durante o discurso
Confira trechos do discurso de Lula no sábado, dia 9, após 580 dias como preso político
Fotos: Adonis Guerra
Queridos companheiros, queridas companheiras,
Vocês não têm dimensão do que significa o dia de hoje pra mim. Eu disse pra vocês que eles iam prender um homem, mas as ideias que nós construímos coletivamente aqui, nesta região e neste país, não poderiam ser presas, elas iam continuar pairando pelo mundo inteiro. Cá estou eu, livre como um passarinho.
Duvido que o Moro, o tal do Dallagnol e até o Bolsonaro durmam com a consciência tranquila que eu durmo. Eu duvido que o ministro demolidor de sonhos, destruidor de empregos e destruidor de empresas públicas brasileiras, chamado Guedes, durma com a consciência tranquila.
Eu quero dizer pra eles: eu estou de volta.
Eu quero construir este país com a mesma alegria que construímos quando governamos.
A única coisa que tenho certeza é que estou com mais coragem de lutar do que quando saí daqui.
Lutar para tentar recuperar o orgulho da gente ser brasileiro. Lutar para que as mulheres possam levar os seus filhos no supermercado e comprar o suficiente pra eles comerem, lutar para que o trabalhador possa ter emprego com carteira assinada e leve pra casa no fim do mês o dinheiro para garantir a alimentação da sua família. Lutar para que o trabalhador possa ter o direito de ir ao cinema, ir ao teatro, de ter um carro, de ter uma televisão, de ter um computador, um celular, de ir ao restaurante e de poder todo final de semana reunir a família, fazer um de churrasco, tomar uma cervejinha gelada, que é na verdade o que deixa a gente feliz.
Esse cidadão (Bolsonaro) foi eleito para governar para o povo brasileiro e não para governar para os milicianos do Rio de Janeiro. É preciso que haja uma perícia séria para que a gente saiba, definitivamente, quem foi que matou a nossa guerreira Marielle.
Foto: Mídia Ninja
Eu quero que ele explique por que querem destruir a nossa Petrobras, o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal. Eu quero saber por que que este cidadão que se aposentou muito jovem quis tirar a aposentadoria do povo trabalhador brasileiro. Por que que este cidadão que nunca ganhou salário mínimo resolveu dizer que não vai aumentar mais o salário mínimo? Por que resolveu acabar com a carteira profissional azul e criar uma verde amarela que vai ter empregos intermitentes? Eles têm que explicar por que estão apresentando um pacote econômico que vai empobrecer ainda mais a sociedade brasileira.
O que nós queremos é que esta gente saiba que este país é nosso, eu não posso, aos 74 anos de idade, ver esta gente destruindo o Brasil que nós construímos. Não posso ver aumentar o número de gente dormindo na rua, o número de mulheres jovens vendendo seu corpo a troco de um prato de comida, eu não posso ver mais jovens de 14 e 15 anos assaltando e sendo violentados, assassinados pela polícia.
Se as pessoas tiverem onde trabalhar, tiverem salários, tiverem onde estudar, tiverem acesso à cultura, a violência vai cair. Temos que ser contra a distribuição de armas do Bolsonaro, nós vamos distribuir livros, vamos distribuir empregos, vamos distribuir acesso à cultura, é esse país que nós queremos e sabemos como construir.
Nós só iremos salvar este país se nós tivermos coragem de fazer um pouco mais. Nós estamos vendo o que está acontecendo no Chile. O Chile é o modelo de país que o Guedes quer construir.
Eu tenho certeza de que se a gente tivesse no governo, a Ford não teria fechado, os metalúrgicos sabem que no nosso mandato nós criamos, praticamente só na área metalúrgica, 1 milhão de empregos.
Tenho certeza que se a gente tiver juízo e souber trabalhar direitinho, em 2022, a chamada esquerda que o Bolsonaro tem tanto medo, vai derrotar a ultradireita que nós tanto queremos derrotar.
Nós vamos fazer muita luta e luta é todo dia. Este jovem de tesão de 20, de energia de 30, e de experiência de 70 anos, estará na rua junto com vocês para gente não deixar destruir nosso país. Eles não sabem o tesão que eu estou pra brigar por este país. É uma questão de honra a gente recuperar este país.