Ex-deputado constituinte e ministra do TST debatem guerra cultural em lançamento de livro no Sindicato
No mesmo dia, ambos visitaram a Volks, conheceram a sala da representação e dialogaram com a militância

O lançamento do livro “Domínio das Mentes: do Golpe Militar à Guerra Cultural” (Kotter Editorial) reuniu centenas de pessoas na Sede do Sindicato, em São Bernardo, no último dia 30. O autor, ex-deputado constituinte e coordenador nacional da Associação Advogados pela Democracia, Justiça e Cidadania, Aldo Arantes, e a ministra do TST (Tribunal Superior do Trabalho), Delaíde Miranda, conversaram com os presentes sobre o tema.
A obra analisa como a extrema direita avança por meio da manipulação ideológica, hoje potencializada pelos algoritmos das grandes plataformas digitais.
Ao apresentar os convidados, o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, destacou a relevância do encontro. “Estamos com duas figuras que representam não só o direito do trabalho, mas a própria luta do trabalho, algo que marca profundamente o momento que estamos vivendo”.

Sobre a ministra, o dirigente acrescentou: “Estamos falando de uma militante do direito há 30 anos, sendo 14 como ministra do Tribunal Superior. Uma magistrada que de fato valoriza o lema do TST, que é a Justiça Social, e que demonstra sensibilidade ao compreender o sofrimento e o suor do trabalhador que terá sua decisão nas mãos da Justiça”.
O diretor executivo responsável pelo Departamento de Formação, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, destacou a relevância da atividade. “Entendemos a formação como algo essencial para a nossa categoria. Momentos como este são de extrema importância, pois trazem, com base em muito estudo e reflexão, uma análise aprofundada de como a guerra cultural se dá no mundo do algoritmo”.
A ministra Delaíde Miranda, lembrou sua trajetória. “É uma honra muito grande estar de volta à sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Iniciei minha vida profissional como trabalhadora doméstica e trago comigo toda a bagagem da advocacia sindical, tenho 44 anos de carreira jurídica. Nosso papel no Tribunal não é apenas julgar; também somos gestores e temos uma responsabilidade de diálogo constante com a sociedade. Estar aqui hoje reforça essa interlocução tão necessária”.

O autor Aldo Arantes enfatizou que é preciso estudo e debate para entender de fato a ascensão da extrema direita e como se dá a guerra cultural. “Precisamos estudar para entender o que está acontecendo, senão ficamos repetindo táticas antigas. A esquerda subestimou a luta de ideias e de valores, e a direita se apropriou disso. O crescimento da extrema direita por vias eleitorais é algo esdrúxulo e preocupante. Claro que há causas estruturais, como a crise do capitalismo e o neoliberalismo que agrava os ataques aos direitos dos trabalhadores, mas tudo isso ganha uma nova dimensão”.
Guerra cultural
“A guerra cultural é a guerra ideológica, é a guerra de valores, é a guerra de ideias. E a guerra cultural, da extrema direita, vem com uma plataforma de regressão, de retrocesso. Eles negam a ciência, a história, negam a verdade dos fatos. Ao estudar essa questão, eu procurei a base teórica, li 30 livros para escrever esse livro”.
Visita à Volkswagen
Antes do lançamento, Aldo Arantes e a ministra Delaíde visitaram a Volks, onde conheceram a sala da representação sindical, dialogaram com a militância e acompanharam o trabalho na linha de produção.