Ex-presidente da Petrobras diz que poderia incriminar Bolsonaro com celular corporativo
Em conversa com Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil, Roberto Castello Branco classifica Bolsonaro como “psicopata”
O ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco sugeriu que pode ter elementos desestabilizadores contra Jair Bolsonaro. Em conversa em grupo de economistas no sábado (26), ele disse que no seu celular corporativo, usado enquanto comandava a estatal, havia mensagens que “poderiam incriminá-lo”. Porém, ele acrescentou que devolveu o aparelho “intacto”. A informação foi publicada pelo Metrópoles. A conversa deve naturalmente ampliar a tensão no Planalto, que já é grande por conta do escândalo no MEC.
“No meu celular corporativo tinha mensagens e áudios que poderiam incriminá-lo. Fiz questão de devolver intacto para a Petrobras”, disse Castello Branco, segundo a reportagem do site. Ele não entrou em detalhes sobre eventuais crimes cometidos por Bolsonaro que poderiam estar na memória do celular.
O ex-presidente da estatal conversava com Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil. O tema era a subida do preço dos combustíveis e Novaes disse que Castello Branco ataca o governo federal. “Se eu quisesse atacar o Bolsonaro não foi e não é por falta de oportunidade. Toda vez que ele produz uma crise, com perdas de bilhões de dólares para seus acionistas, sou insistentemente convidado pela mídia para dar minha opinião. Não aceito 90% (dos convites) e quando falo procuro evitar ataques”, escreveu Castello Branco, primeiro presidente da Petrobras sob Bolsonaro.
“Presidente psicopata”
Em outro trecho, Castello Branco classifica Bolsonaro como “psicopata”. “Já ouvi de seu presidente psicopata que nos vagões dos trens da Vale, dentro da carga de minério de ferro vendido para os chineses, ia um monte de ouro”, afirmou. Castello Branco assumiu a presidência da Petrobras após 15 anos na Vale, exercendo cargos de economista-chefe e diretor de relações com investidores.
A crise da Petrobras parece não ter fim sob o governo Bolsonaro. Na sexta-feira (24), o nome de Caio Mário Paes de Andrade foi aprovado no “comitê de elegibilidade”, para presidir a estatal por 3 votos a favor e 1 contra.
Os requisitos avaliados são quatro: reputação ilibada, notório conhecimento do setor, formação acadêmica e experiência. O voto contrário teria sido por dúvidas a respeito do conhecimento e a experiência de Andrade. O questionamento seria de que ele não tem “notório conhecimento”.
Seja Andrade ou outro, o novo presidente da companhia será o quarto executivo a comandar a estatal com Bolsonaro. O nome só será oficializado na segunda quinzena de julho. O prazo é previsto pela Lei Geral das Estatais.