Executores da chacina de Unaí são condenados em Minas

Os três homens acusados de matar em uma emboscada três fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho na chamada chacina de Unaí (MG) foram condenados na madrugada de sábado (31) a penas que chegam a 94 anos de prisão. O crime ocorreu em janeiro de 2004.

Após quatro dias de julgamento, a juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima, da 9ª Vara da Justiça Federal, em Belo Horizonte, leu às 2h40, as sentenças. O júri foi formado por cinco mulheres e dois homens.

Rogério Alan Rocha Rios foi condenado a 94 anos de reclusão. William Gomes de Miranda, a 56 anos. O réu Erinaldo de Vasconcelos Silva, que pediu o benefício da delação premiada para ter a pena reduzida, pegou 76 anos e 20 dias.

Os advogados dos réus disseram que vão recorrer da sentença.

No próximo dia 17, devem sentar no banco dos réus um dos dois fazendeiros acusados do mando do crime, além de dois intermediários. Os irmãos fazendeiros Norberto e Antério Mânica são acusados de serem os mandantes, mas suas defesas negam.

O julgamento dos matadores, contudo, complicou a situação de Norberto Mânica. O atirador Erinaldo Silva e o intermediário Hugo Pimenta o apontaram como o mandante. Os dois confessaram os crimes invocando o benefício da delação premiada.

Erinaldo disse ter recebido entre R$ 40 mil e R$ 50 mil para matar um dos fiscais. Depois recebeu a ordem para matar quem estivesse junto do servidor federal.

Preso juntamente com Norberto por quase um ano, Erinaldo disse que ouviu diretamente do fazendeiro a proposta de receber R$ 100 mil para assumir o crime, oferta que subiu depois para R$ 300 mil (em dinheiro e ainda uma carreta).

O intermediário Hugo Pimenta, por sua vez, depondo na condição de informante, disse ter presenciado ligação de Norberto a um dos executores. E disse ainda: “Eu soube que o Norberto prometeu R$ 300 mil para o Erinaldo e R$ 200 mil para o Rogério, mas não sei se ele pagou”.

Pimenta chegou a ficar preso por dois anos, mas fez acordo com a Procuradoria para se beneficiar com a delação premiada. Ele já obteve a liberdade provisória e, em caso de condenação, sua defesa espera que ele seja beneficiado em até dois terços da pena.

O advogado de Norberto, Alaôr de Almeida Castro, nega as acusações e diz que vai provar a inocência do seu cliente.

Nem o executor e nem o informante citaram o envolvimento de Antério Mânica, ao contrário do que diz o Ministério Público Federal. Marcelo Leonardo, advogado do fazendeiro e político de Unaí –ele foi prefeito da cidade de 2005 a 2012– disse que seu cliente não tem participação no caso. O julgamento dele não foi marcado.

Os três acusados de terem matado os fiscais e o motorista do governo estão presos desde 2004. Os irmãos Mânica aguardam o julgamento em liberdade.

Segundo a acusação, os Mânica andavam insatisfeitos com a fiscalização trabalhista promovida pelo Ministério do Trabalho nas terras deles e por isso mandaram matar os servidores do governo.

 

Da Folha de S. Paulo