Expulsar mendigos. Este é o projeto de Serra para São Paulo
Serra faz faxina social no centro de São Paulo
Apesar das críticas que vem recebendo dos movimentos e entidades sociais, o prefeito José Serra continua expulsando os sem-teto e moradores de rua do centro de São Paulo.
O projeto que ele chama de revitalização do centro se restringe à construção de rampas debaixo dos viadutos para evitar que sejam usadas por moradores de rua.
O Ministério Público entrou com pedido de esclarecimentos sobre a construção dessas rampas, mas mesmo assim elas continuam a ser erguidas.
Segregação
A segunda etapa do projeto é derrubar cerca de 850 imóveis da região conhecida como Cracolândia, muitos deles ocupados por famílias sem-teto.
De acordo com as denúncias, a polícia também passou a intimidar os moradores de rua e os sem-teto.
“Não se acaba com a miséria matando a miséria, mas sim com emprego e renda”, protestou o catador Sebastião de Oliveira, ex-morador de rua.
Para Aldo Bispo dos Santos, da Pastoral de Rua, o projeto do prefeito é de segregação racial. “Não somos contra programa e urbanização da cidade, mas isso não pode acontecer simplesmente desconhecendo que nesses espaços existem pessoas”.
Ato contra prefeito e Veja
O projeto de faxina social do centro de São Paulo vem recebendo o apoio descarado do jornal Estadão e da revista Veja.
Veja também atacou as entidades que defendem os moradores de rua e chamou de demagogo o Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral de Rua, conhecido nacionalmente pela sua defesa dos miseráveis e das crianças.
O padre é contra a simples expulsão dos moradores de rua do centro da cidade e cobra da Prefeitura uma solução.
Por esse motivo, a revista Veja escreveu que “o padre quer transformar uma situação precária em permanente”.
Já o jornal Estadão chamou o padre de parasita da mendicância.
Vários atos de protesto foram realizados em defesa do padre. Para a socióloga Maria Vitória Benevides, “o caso da Veja é mais do que antidemocrático, é fascistóide”.
Ouvido pela Agência Repórter Social, o padre Júlio disse que a matéria na Veja é uma reação organizada por aqueles que querem limpar o centro dos pobres.
“A Prefeitura usa a estratégia de desqualificar a pessoa para dizer que suas idéias não são boas. É a estratégia da direita e do autoritarismo”, concluiu.