Fabricantes fazem “guerra preventiva” contra chinesas

Anfavea “denuncia” crescimento após a isenção de elétricos. Mas a isenção foi feita exatamente para desenvolver o setor

A Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, fez estudos para mostrar o crescimento das marcas chinesas no Brasil e na América Latina, indicando que esse movimento prejudica os fabricantes brasileiros, que investem no Brasil enquanto os importados recebem isenção de imposto de importação (caso dos elétricos puros). Trata-se de uma espécie da chamada “guerra preventiva”, termo usado pelos Estados Unidos para justificar a invasão do Iraque e de outros países, e provocar a matança de suas populações com o seguinte argumento: “Se nós não acabarmos com eles, eles (‘supostamente’) acabarão com a gente”.

Assim como nas invasões estadunidenses pelo mundo – obviamente, guardadas as proporções e o poder de fogo – os fabricantes de veículos brigam para que o governo brasileiro passe a taxar os carros elétricos importados, como apoio à uma “guerra preventiva” contra os chineses que estão invadindo pela segunda vez o Brasil (sim, contém ironia!). O Estudo feito pela Anfavea indica que “a penetração dos carros chineses no mercado brasileiro é crescente desde que caiu, em 2015, a proteção do imposto de importação de 35%, reduzido a zero para carros elétricos e a 2% ou 4% para híbridos”.

Ora, isso mostra que a isenção funcionou, já que ela foi determinada justamente para que o segmento se desenvolvesse. É preciso lembrar o leitor que a isenção do imposto não é só para os chineses, mas para todos os carros elétricos, inclusive aqueles trazidos pelas montadoras instaladas no Brasil. Portanto, há total isonomia entre os importadores e os fabricantes brasileiros. Não há proteção aos chineses, cujas marcas, a propósito (em grande parte), estão investindo no Brasil com fabricação local anunciada para os próximos anos.

A isenção, portanto, é saudável e necessária, pelo menos por enquanto, para que os carros elétricos (chineses e não chineses) conquistem uma parcela do mercado e permitam que o consumidor brasileiro tenha acesso à tecnologia que, queiramos ou não, está dominando o mundo. A gritaria dos fabricantes é tão extemporânea como a verificada na primeira “guerra preventiva” declarada pela Anfavea, por volta dos anos 2000.

Do Motor1 / Joel Leite