Fábricas podem parar por causa do Itaú

O Sindicato começará a parar fábricas contra cobrança da taxa de recadastramento feita pelo Banco Itaú. São R$ 78,00 que o trabalhador deverá pagar anualmente.


Taxa no Itaú pode render greves

A produção de fábricas da base vai começar a parar nessa semana. O motivo não é um conflito do trabalho.
É que o banco Itaú começou a cobrança da tarifa de recadastramento no valor de R$ 78,00 parcelados em seis mensais de R$ 13,00, até mesmo de companheiros que contavam com a tarifa zero.
“Na semana passada avisamos que as empresas e o Itaú teriam problemas se insistisse na volta das tarifas. Como já começou a cobrar direto da conta do trabalhador, vamos começar a parar fábricas em protesto ao abuso”, anunciou Sérgio Nobre, presidente do Sindicato.
Semana passada muitos metalúrgicos receberam uma carta do banco lhes avisando sobre a cobrança da taxa. O pessoal de vários Comitês Sindicais tentou intervir junto às gerências das agências, mas sem sucesso.
Em fábricas grandes como Mercedes-Benz e Scania, o Itaú voltou atrás e não irá fazer o desconto.
“Quando fui à agência que recebemos o salário e quis saber porque um trabalhador paga e outro não, ouvi que nem se compara a folha de pagamento da Mercedes com a da Faparmas”, observou José Mourão, diretor do Sindicato e trabalhador na Faparmas. “O banco erra até aí, ao tratar iguais de forma diferente”, completa Sérgio.

Contato
Ontem mesmo, o Sindicato começou a procurar a diretoria regional do banco para tratar do problema.
Além destas, o Itaú tem a folha de pagamento da Mahle, Itaesbra, Panex e Dana, entre outras.
Sérgio Nobre afirma que o Sindicato quer uma alternativa negociada com a instituição já que parece muito estranho o desconto surgir em meio à crise de agiotagem e na sequência da fusão do Itaú e do Unibanco “Não podemos admitir esse movimento dos bancos para jogar os custos da crise em cima das costas do trabalhador”, protestou Sérgio.

Tarifas dobram em oito anos
Na carta enviada aos metalúrgicos, o Itaú afirma que essa tarifa é regulamentada pelo Banco Central e está na média do mercado.
O Banco Central determina a cobrança máxima de valores de tarifas.
Portanto, o Itaú poderia manter a tarifa zero aos metalúrgicos e a muitos mais correntistas.
Pesquisa Relatório de Economia Bancária de Crédito do Banco Central aponta que a receita obtida pelos bancos no ano passado com tarifas bateu nos R$ 28 bilhões, quase o dobro de oito anos atrás. Foi com a observação de que a cobrança de tarifas podia chegar a um salário mínimo ao ano, que o Sindicato desencadeou a campanha pela tarifa zero, em 2003, como forma de ampliar a renda do trabalhador. Na verdade, para permitir que ela não fosse reduzida.