Fábricas têm fôlego para atravessar a crise

A indústria tem condições de superar o ano de 2009 sem demitir, apesar da crise internacional. A afirmação é do presidente do Sindicato, Sérgio Nobre. "Vamos fazer a guerra que tiver de ser feita para defender os empregos", avisou.

Não há motivos para empresas demitirem

O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, disse que as fábricas não têm o menor motivo para demitir nesse momento. Segundo ele, os empresários ganharam muito dinheiro nos últimos anos e precisam agora assumir sua parte de responsabilidade diante da crise internacional.
“Se demitirem, as fábricas vão arrumar uma crise com o Sindicato. Vamos fazer a guerra que tiver de ser feita para manter o emprego”, declarou o dirigente em coletiva de imprensa, ontem.
O Sindicato convocou a coletiva para mostrar seu ponto de vista a respeito da crise, a qual Sérgio Nobre considera potencializada pela forma como vem sendo noticiada. Ele insistiu na sua afirmação feita semana passada de que economia é também estado de espírito, e se todos acreditaram que tudo vai mal, tudo irá mal.


Sérgio afirma que Sindicato fará a guerra que tiver de ser feita para manter o emprego

Faltam elementos
Ele cobrou responsabilidade das empresas e disse que ainda é muito cedo e não existem elementos suficientes para avaliar os verdadeiros impactos da crise internacional sobre a economia brasileira.
Sérgio criticou duramente os empresários que ficam prevendo demissões, pois estes repetem um discurso da selvageria do século 19. “Neste momento
o discurso deveria ser o da responsabilidade social, porque o emprego é o maior patrimônio das pessoas”, enfatizou.
Para Sérgio, há várias possibilidades de as empresas superarem a crise e atravessar 2009 sem alterar o nível de emprego como redução da jornada de trabalho, férias, bancos de horas, e afastamento do trabalho para treinamento.

Empresas tem como atravessar o período

Todos os setores industriais cresceram nos últimos seis anos. O automotivo em especial, cresceu muito mais. As autopeças tiveram 300% a mais de faturamento, enquanto a produção de carros quase dobrou. Os números mostram que as empresas têm fôlego para atravessar a crise.

Emprego tem de ser protegido

O Congresso Nacional foi acionado para retomar o debate sobre medidas que possam proteger e até mesmo ampliar o emprego no Brasil. Uma delas é a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário.
Outra, é a assinatura da Convenção 158 da OIT, que proíbe a demissão imotivada.
Sérgio Nobre considera todas urgentes porque, na sua opinião, a demissão está banalizada no Brasil.
“A atual Constituição impôs multa de 40% sobre o saldo do FGTS como medida de proteção, mas a multa foi incorporada ao custo das empresas e a rotatividade continua alta”.
Segundo o levantamento da Subseção Dieese, a rotatividade no setor de autopeças chega a 24% ao ano. Ou seja, a cada 100 trabalhadores, 24 são substituídos. Fábricas demitem os de maior salário e contratam outros pelo piso.
No setor de manutenção e instalação industrial, a rotatividade chega a 75%, a maior da categoria.
Na média de todos os setores, a rotatividade está em 37%.
Nas montadoras é de apenas 2,8%, baixa devido à organização no local de trabalho.