A responsabilidade da grande luta
Todos os que tomam posse têm a responsabilidade de levar adiante o legado de luta deixado por milhares de dirigentes e militantes dos Metalúrgicos do ABC.
Fica o nosso agradecimento e homenagem aos que encerraram o mandato. Aos novos dirigentes, saibam que é a partir da sua percepção do mundo do trabalho que este Sindicato toma suas decisões.
Ficamos muito emocionados e honrados com os depoimentos transmitidos na live, que só aumentam a nossa responsabilidade e nos dão a compreensão do que significa este Sindicato para a região e para todo o Brasil.
Hoje são cerca de 64,5 mil trabalhadores na base dos Metalúrgicos do ABC. Ao final do governo Lula, chegamos a ser 109 mil. A categoria vem sofrendo com as crises há algum tempo, não é a pandemia, como este governo tenta justificar. A crise de 2008, que atingiu o Brasil em 2011 e 2012, foi potencializada para realizar o golpe na presidenta Dilma Rousseff.
O desafio do Sindicato é lutar pela manutenção dos empregos, da qualidade desses empregos e da renda. O momento que estamos passando é extremamente difícil, mas temos características e lutas que nos definem.
Precisamos recuperar a importância industrial do ABC e voltar a ser uma potência econômica nacional. Por isso, a luta em defesa da regionalidade, que os últimos governos tentaram destruir, é uma prioridade.
Já a articulação com os movimentos sociais se dá por conta da característica solidária do Sindicato. Não nos preocupamos só com o trabalhador dentro da fábrica, mas onde mora, suas condições de saúde e educação. As ações de solidariedade são uma marca da categoria, e não é de agora.
Igualdade, gênero, juventude e pessoas com deficiência são áreas em que o Sindicato tem grupos específicos para discutir políticas e são questões que fazem parte do nosso dia a dia.
A luta do Sindicato é contra o total descaso do governo, que aprofunda desigualdades com políticas contrárias ao desenvolvimento e à construção de um país mais justo. O vírus da Covid-19 não escolhe quem contamina, mas a desigualdade social separa quem vai viver e quem vai morrer. Aumento do desemprego, falta de acesso ao crédito, entrega do patrimônio nacional. Nós acreditamos que este não é o caminho.
O Estado brasileiro tem que investir, emitir dinheiro na economia, mover crédito e consumo, investir em saneamento, obras de infraestrutura, habitação, renda mínima, distribuição de renda e taxação de grandes fortunas para apontar um Brasil diferente do que vivemos hoje.
Não é admissível que 1% da população tenha 50% das riquezas e 70% de todo o patrimônio (casas, fazendas, carros) do país. A reforma tributária, sob a ótica dos trabalhadores, é prioridade.
Metalúrgicos e metalúrgicas do ABC, contem com a garra, a vontade e a energia dessa direção para seguir na grande luta por um Brasil mais igual e mais justo para deixar aos nossos filhos e netos.
*Coluna do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana