Fala Wagnão – Brasil: a luta tem que ser em todo campo

Wagnão (Em pé ao centro) no Zebrinha, na final do Campeonato de Futebol do Sindicato, em 1993. Foto: Arquivo SMABC.

Sim, eu estou torcendo para o Brasil na Copa da Rússia. Na Copa e fora dela.

Na atual conjuntura eco­nômica e política do Brasil há muita polêmica se deve­mos torcer ou não.

O futebol é uma tradição em nosso País e eu mesmo já arrisquei os meus chutes quando ainda era um me­nino, no campo de terra do Parque Novo Oratório, em Santo André. Nunca fui um craque, mais brigava que jogava. Acho que a luta já estava em mim.

Naqueles tempos, correr atrás da bola era a única di­versão que tínhamos, como é até hoje para muitos meni­nos que estão nas periferias das grandes cidades.

O sonho de ser um jogador profissional e, com isso, encontrar uma saída para a pobreza da família, passa na cabeça de milhões de garotos brasileiros. Na mi­nha não.

Essa é a origem de nossos craques da Seleção Brasilei­ra de Futebol, de Firmino, de Neymar ou de Willian, que também jogou em San­to André, na Escolinha de Futebol de Marcelinho Ca­rioca, onde iniciou sua car­reira.

Mas chegar onde eles chegaram é como ganhar na loteria ou ainda mais difícil. Por isso torço para o Brasil.

Torço para que os meni­nos e também as meninas, – por que não? -, possam conquistar seus sonhos, sejam eles quais forem. De ser jogador de futebol, mé­dico, advogado, engenheiro, professor, bancário, músico, metalúrgico.

O futebol é um esporte da coletividade e isso nos traz vários ensinamentos para além das quatro linhas. De nada vale o craque se a bola não chegar para ele, se o time não for solidário.

Assim somos nós, os me­talúrgicos do ABC, todas as nossas conquistas só acon­teceram na unidade dos tra­balhadores e trabalhadoras, com esforço de todo o time.

Podemos ter o melhor craque do mundo sob mar­cação cerrada e temos, mas também temos que correr juntos, encarar os adversá­rios, sermos solidários, se quisermos ser campeões.

Derrotas? Tivemos mui­tas, perdemos a conta dos 7 a 1 que já amargamos. Mas temos história, assim como a Seleção Brasileira, e vamos resgatá-la.

Apesar da estreia na Copa não ter empolgado pelo 1 a 1, vamos continuar acreditando que o Brasil pode chegar mais longe, dentro e fora do campo. Somos brasileiros e não de­sistimos nunca, mesmo com toda a torcida do contra.

Da Redação.