Fala Wagnão: Pedir por AI-5 é fácil, difícil foi lutar por democracia

O presidente do Sindicato comenta os atos pró-intervenção militar que pediam a volta do AI-5, realizados no último domingo, 19, em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, que contaram inclusive com a participação de Bolsonaro.

Foto: Divulgação

Pedir a ditadura ou a instauração do AI-5 em uma democracia é fácil, porque a democracia comporta esse tipo de movimento dito conservador, mas ser conservador é uma coisa, ditador e antidemocrático é outra. O Brasil tem assistido várias manifestações neste sentido e, como democrata que sou, acredito que as pessoas têm o direito de pensar o que quiserem, o que elas não podem é impor a vontade de uma minoria sobre a maioria, isso só é possível por meio da força de um golpe, como já visto no Brasil.

Não podemos conceber, de forma alguma, que aqueles que deveriam ser os guardiões da democracia, incentivem esse tipo de prática a partir do próprio presidente da república. Ele que jurou em sua posse salvaguardar a Constituição Brasileira, que tem na democracia e seus valores, os pilares de sustentação. Logo ele, Bolsonaro que ao contrário, incentiva as manifestações, participa delas com as mesmas palavras de “ordem” e no dia seguinte tenta passar panos quentes. Não são suas palavras, mas todo seu passado que caracterizam seu autoritarismo e desapego pela democracia.

É absurdo, mas não é novo perceber atitudes que são caracterizadas como fascismo numa democracia. De maneira oportunista, eles apresentam ideias de ruptura e imposição da sua vontade sobre outras pessoas, num momento em que o debate deveria ser a forma unitária e solidária para combater essa crise que estamos vivendo agravada pela pandemia.

Pedir por ditadura e AI-5 em uma democracia em suas carreatas da morte, passeando em seus carros de luxo, é simples. Difícil foi para aqueles bravos guerreiros e guerreiras que tiveram que lutar contra a ditadura pedindo democracia.