Fala Wagnão – Pessoa com deficiência: Só nos colocando no lugar deles é que vamos perceber que devemos nos engajar nessa luta

Wagnão destaca a necessidade de o Estado olhar para as pessoas com deficiência no sentido de promover políticas públicas de condições dignas

A Tribuna traz hoje uma série de aspectos na legislação sobre o acesso ao mercado de trabalho, as dificuldades que companheiros e companheiras com deficiência enfrentam e os obstáculos que as próprias empresas criam.

Mas o que quero falar é sobre o antes disso. Talvez a gente não se dê conta do que é ser uma pessoa com deficiência num País que não dá o devido apoio. Só quem tem na família uma pessoa com deficiência, seja ela qual for, sabe realmente o que isso significa.

É a família que primeiro tem que aprender a lidar com a deficiência. Essa pessoa, muitas vezes, não é formada porque o Estado não oferece essa condição, nem para ela, nem para família. É surpreendente perceber que parte dos companheiros surdos são também analfabetos porque não tiveram acesso a uma educação adequada. Eu só fui perceber isso depois de me envolver com a Comissão de Metalúrgicos do ABC com Deficiência.

Isso acaba gerando outro tipo de deficiência e exclusão, a exclusão econômica.  Muitas dessas pessoas são submetidas a bicos, estão nos faróis vendendo algo para sobreviver. É nesse tipo de situação que vive boa parte desses companheiros e essa deveria ser a primeira preocupação do Estado.

Uma forte consequência desse descaso é que pai e mãe, a medida em que vão envelhecendo, veem a morte se aproximar sem saber em que condições o filho viverá.  Só nos colocando no lugar dessas pessoas é que vamos perceber que devemos nos engajar nessa luta em defesa dos direitos.

Temos que nos indignar com as empresas que causam doença no trabalhador e usam isso para ocupar as cotas que têm que cumprir pela lei. Isso é puro oportunismo econômico. Não podemos só ficar aí bradando contra a corrupção e aceitando esse tipo de coisa, e achar que isso é normal.

Nosso papel é lutar junto pelos diretos da pessoa com deficiência, pela inclusão no mercado de trabalho e tratá-las como iguais. E nessa linha de pensamento e união, eleger governantes comprometidos com políticas públicas que deem conta de acolher, proteger e promover as pessoas com deficiência.

Da Redação.