Fala Wagnão: Tirar da reta é confissão de culpa
Um dos maiores problemas deste país é a impunidade, mas não a impunidade do ladrão de farol ou daqueles que cometem crimes contra outras pessoas. As cadeias vivem superlotadas de pessoas que cometeram crimes e estão sendo punidas por eles.
É fato também que as polícias não estão aparelhadas para investigar nem para descobrir quem são os autores de crimes cometidos, como homicídios e roubos, por exemplo. Falta estrutura para essas organizações de segurança cumprirem seu papel.
Estou falando aqui é da impunidade política, daqueles que deveriam ter em suas mãos a responsabilidade de cuidar daquilo que é público, mas o fazem de forma irresponsável, alguns de maneira dolosa, buscando proveito próprio daquilo que é público. O país está cheio de exemplos nesse sentido.
Estamos agora em meio à pandemia assistindo horrorizados empresários e governantes serem presos por corrupção na compra de equipamentos de combate à Covid-19 e soltos para responder ao processo em liberdade. Isso é a impunidade que detona este país, há 500 anos, onde os moradores da Casa Grande nunca foram responsabilizados por seus crimes. Impunidade na saúde, na educação, na segurança, para aqueles que usurpam do poder público.
E agora assistimos o que nos deixa ainda mais incrédulos, um presidente, um governo federal, emitir a Medida Provisória 966, institucionalizando e legalizando a impunidade, dizendo que os detentores de cargos públicos não responderão nem civil nem administrativamente pelo dolo, pelo mal causado pela má administração no combate à pandemia. Essa MP dá o direito para aqueles que estão hoje superfaturando hospitais de campanha e a compra de respiradores de saírem ilesos.
Mas por detrás dela o que existe, de fato, é a verdadeira confissão de culpa do presidente da República que emitiu essa MP. É confissão de culpa porque sabe que está cometendo crimes contra a população, sabe que está errando no combate à pandemia e sabe que suas ações estão provocando mortes neste país.
Não tivemos notícias de nenhum atual governante no mundo que tenha tido tamanha ousadia de se proteger dessa forma de seus erros, incapacidades e incompetências realizadas durante a condução das ações na pandemia. Esperamos que o STF (Supremo Tribunal Federal) se pronuncie rapidamente em relação à inconstitucionalidade dessa medida.