#FalaWagnão: A luta de cada um
O que os atos ocorridos em 7 de setembro nos disseram? O que podemos prever e qual o futuro das garantias de nossos direitos a partir deles? Essa é a pergunta que boa parte da população brasileira se faz hoje. Ainda que não se tenha uma reposta definitiva, é possível e necessário fazer algumas reflexões acerca do que aconteceu.
Em primeiro lugar, as manifestações promovidas por Bolsonaro não foram aquilo que os bolsonaristas gostariam, tanto em termos de participação como em mobilização, mas também não foi o fracasso que a esquerda esperava.
Bolsonaro conseguiu demonstrar que tem base popular, que tem inserção em parte do PIB brasileiro e que, portanto, tem bala na agulha para continuar sendo um ator político importante no processo eleitoral de 2022. Ele conseguiu colocar numa encruzilhada essa direita gourmet, que não consegue viabilizar uma candidatura em seu próprio campo. Na verdade, Bolsonaro vem lutando contra esse agrupamento, não contra a esquerda.
Eles não sabem se arriscam um golpe contra a candidatura de Lula, baseados em ações perversas e antidemocráticas, ou apoiam o impeachment de Bolsonaro e assim abrem caminho para uma candidatura de centro direita.
O que isso afeta a nós trabalhadores? Se Bolsonaro quer chegar em 2022 com força para ir ao segundo turno, terá que, por meio de Paulo Guedes, apostar ainda mais em medidas neoliberais para agradar parte dessa direita.
Investir contra direitos dos trabalhadores, a exemplo da PEC 32, que afeta os funcionários públicos, investir no marco temporal, que regula ocupações em terras indígenas e tantos outros direitos.
É óbvio que as manifestações realizadas pelo grupo de Bolsonaro carecem de atualização na sua pauta, de um pé na realidade. Não se tratou de desemprego, fome ou pandemia. As pautas eram as do pós-guerra fria, como se o mundo ainda vivesse nos tempos em que o comunismo era a maior ameaça, em que a cor vermelha assustava. Não podemos dizer que são pautas conservadoras, são pautas retrógradas que jogam o país para o atraso.
Ao passo que as manifestações feitas pela esquerda, que foram sim significativas, traziam o foco no que realmente importa no mundo hoje, no Brasil, as necessidades do nosso povo, o empego, o combate à fome, à miséria e à desigualdade, por direitos sociais, por liberdade e por um Brasil de oportunidade para todos. Essa é a diferença essencial, não é só ideológica, mas temporal, entre o que pensa e defende um agrupamento e outro.
Nós, trabalhadores, sabemos bem de qual lado estamos e o que nos mobiliza. Continuaremos lutando pela democracia, pela liberdade, por nossos direitos. Há ainda muitos capítulos a serem escritos na história da democracia brasileira, da qual sempre fomos atores políticos ativos e cientes do nosso papel.
*Coluna do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão