Falta de componentes e alta das matérias primas elevam preço dos carros novos
Guilherme Moreira diz que os seminovos sofreram aumento de preço ainda maior em função da alta demanda
Ter um carro novo tem ficado cada vez mais difícil para os brasileiros, nem os modelos mais populares escapam do aumento de preço das montadoras, muito acima da inflação. Até o momento, segundo a empresa KBB Brasil, especializada em cotações de preços de automóveis, os veículos novos tiveram aumento cinco vezes maior que a inflação do ano medida até agora.
Guilherme Moreira, economista e pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (FIPE), vinculada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, em entrevista à Rádio USP afirmou que, desde o início da pandemia, houve um aumento de várias matérias primas, como o alumínio, o cobre e o aço, o que acabou refletindo no custo dos carros.
Outro fator que contribuiu para esse aumento, segundo o economista, foi a parada na produção de diversos componentes e também das montadoras, causada pela necessidade de lockdown durante a pandemia, o que levou muitas empresas a darem férias coletivas e causou uma desorganização nos estoques, especialmente de componentes eletrônicos.
Para Moreira, não há solução no curto prazo, pois o restabelecimento dessas produções [dos componentes], tão importantes para a fabricação dos carros de hoje, deve demorar, portanto não há chance de queda dos preços dos automóveis tão cedo. Com o preço dos carros novos nas alturas, muitos consumidores optaram pela compra de um veículo usado. Mas Moreira alerta que esses carros tiveram um aumento até maior que os novos, pois o aumento da demanda por carros usados fez os preços subirem.
Do Jornal da USP