Falta legislação específica sobre reciclagem e descarte
Baterias automotivas têm índice de reciclabilidade de 99%
As baterias automotivas, sejam as de lítio utilizadas nos veículos elétricos ou as de chumbo-ácido usadas nos carros comuns, possuem um índice de reciclabilidade de 99%. Entre os elementos/metais presentes na natureza e usados na fabricação de baterias, o chumbo é o mais reciclável (99%), ficando bem acima do alumínio, por exemplo, que tem um índice de reciclagem de 60%.
O setor automotivo segue o Programa Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), e a prática comum na hora da troca é a empresa fornecedora de bateria para carros comuns ficar com a usada, que é enviada para reciclagem do chumbo, do ácido e da carcaça plástica. “Nas baterias de lítio, dos carros elétricos, ainda não temos grandes volumes para reciclagem. Mesmo assim, o fabricante do carro elétrico é o responsável pelo descarte apropriado”, diz Ricardo Rüther, professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Sobre legislação, David Noronha, CEO da Energy Source, empresa de reciclagem, reúso, reparo e soluções energéticas para baterias de lítio, diz que a regulamentação brasileira ainda não valoriza esse tipo de atuação e a carga tributária é muito alta. “Buscamos alívio tributário para continuar nessa mineração urbana, como é chamada a reciclagem de me tais e minerais. Temos papel estratégico para a economia brasileira, mas não somos vistos dessa forma.”
Noronha diz que existe um movimento junto ao Ministério de Meio Ambiente (MMA) para uma legislação específica de logística reversa de baterias de lítio. O CEO da Energy Source destaca ainda a clandestinidade. “Temos um mercado paralelo que coleta baterias no Brasil e as exporta de forma irregular, sem pagar tributos, em uma concorrência desleal.” Com planos de expansão para fora do Brasil já em 2024 ou no máximo no primeiro semestre de 2025, a Energy Source destina 15% de sua receita a pesquisa e desenvolvimento (P&D) em tecnologia sustentável.
Do Valor Econômico