Fatalidades e acidentes
Sempre que acontece um acidente, qualquer que seja sua natureza, no trânsito, numa obra, num avião ou no trabalho, logo surgem os interesses das partes envolvidas, contando a verdade dos fatos da forma que melhor lhe convém. Para isso, lançam mão de qualquer artifício. Vontade de Deus, falta de sorte, coisa do destino, propensão aos acidentes, comportamento descuidado etc. Em resumo, a fatalidade acaba sendo sempre a muleta a escorar a ignorância dos fatos ou os interesses dos mais fortes.
Verdade do mais forte
Comumente as vítimas, quando são os elos mais fracos da corrente, acabam culpadas pelo seu próprio sofrimento e a verdade é fabricada, nos mínimos detalhes, para favorecer os poderosos.
Um exemplo é o caso recente do desmoronamento na linha 4 do Metrô de São Paulo. Por maiores que sejam as evidências, os indícios e as constatações dos laudos periciais, o consórcio de construtoras e o governo estadual, em suma, os responsáveis pela obra continuam omitindo a verdade. Ou melhor, mentindo para a população e se esquivando das responsabilidades.
Fábricas inseguras
Máquinas desprotegidas, empilhadeiras operadas em pisos inclinados e esburacados, sem espaço de manobra e com cargas acima da capacidade. Pontes rolantes usadas de forma descuidada na troca de ferramentas de prensas. Muita pressa, correria, pressão por produção, falta de padrões de segurança para operações de maior envergadura. Enfim, os acidentes vão acontecendo e as fatalidades vão ficando mais frequentes e mais fatais. Quase rotineiras!
Fatalmente, está faltando verdade ou inteligência ou interesse nas análises dessas questões.
Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente