Fatia de importados vai a 22,2%, novo recorde

A participação dos produtos importados no mercado brasileiro de bens industriais atingiu 22,2% no acumulado dos 12 meses encerrados em março deste ano. Segundo dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o novo patamar é recorde para a série histórica iniciada em 1996. O coeficiente de penetração de importações considera tanto o consumo final das pessoas quanto o de insumos pela indústria.

O coeficiente de penetração das importações está 0,3 ponto porcentual acima do recorde anterior, de 21,9%, no último trimestre de 2011. Segundo a pesquisa, realizada pela CNI em parceria com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), com exceção do ano de 2009, o índice de participação de produtos importados no mercado brasileiro sobe desde 2003 e acumula crescimento superior a 10 pontos porcentuais.

Já o coeficiente de participação das exportações, que mostra a evolução da proporção das vendas externas no valor da produção industrial, atingiu 18,1% no acumulado dos 12 meses encerrados em março. Foi um aumento de 0,2 ponto porcentual ante o registrado no fim de 2011. Mesmo assim, o índice está abaixo do teto histórico, de 20,4%, em 2006.

O economista da CNI, Marcelo Azevedo, disse que ainda será necessário um período mais longo com o dólar estável, e no atual patamar de R$ 2, para que a indústria passe a substituir os insumos importados por matéria-prima nacional. Segundo ele, a mudança exigiria novos investimentos. No entender de Azevedo, o câmbio não é o único fator que retira competitividade das empresas brasileiras.

Setores. Na indústria de transformação, a participação de insumos importados na produção dobrou em uma década, atingindo também valor recorde. Passou de 10,5%, em 2002, para 21,1% no acumulado em 12 meses até março deste ano. O setor que mais chamou atenção foi o de vestuário, cuja penetração de importados subiu de 10,6% em 12 meses até dezembro de 2011 para 12% até março deste ano. No final de 2010, era de 7,4% a participação dos importados no consumo doméstico no setor de vestuário.

Por outro lado, também permaneceu até o final do primeiro trimestre deste ano a tendência de aumento das exportações na participação no valor da produção industrial. Foi de 18,1% no acumulado em 12 meses até março. Na indústria de transformação, foi de 15,2% e na indústria extrativa alcançou 72,3% no período. “As exportações estão ganhando importância. Esta é a tendência recente”, afirmou Azevedo.

O Estado de S. Paulo