Fechamento de grandes empresas tem reflexos em toda a cadeia produtiva
“A falta de política e planejamento do governo está ocasionando o fechamento de grandes empresas, o que reflete inclusive na nossa base”.
O impacto do fechamento da Ford no Brasil terá efeito dominó e poderá atingir mais de 200 mil postos de trabalho, segundo cálculos feitos pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) que incluem também os reflexos do encerramento das atividades da planta em São Bernardo em 2019.
Isso porque, cada emprego na Ford movimenta 23,7 outros postos de trabalho, entre diretos, indiretos e induzidos. Esse número leva em consideração os empregos gerados na cadeia automobilística, além de serviços, comércio e a produção de insumos.
O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, avalia que esse efeito deve chegar nas empresas da região. “A falta de política e planejamento do governo está ocasionando o fechamento de grandes empresas, o que reflete no fechamento de milhares de empresas pequenas e médias da cadeia em todos os setores, inclusive na nossa base”.
O dirigente completou lembrando que o Sindicato vem defendendo políticas industriais para setores estratégicos como aeronáutica, energia, construção civil e petróleo e gás.
“O que está acontecendo com a Ford hoje se nós não tivermos luta, solidariedade e conseguirmos implementar uma agenda de defesa e desenvolvimento da indústria nacional, pode acontecer com muitas outras”, disse.
“Precisamos acompanhar e estar ao lado dos trabalhadores que estão perdendo os empregos, porque sabemos como é sofrido o fechamento de uma empresa, o quanto isso tira o chão do trabalhador que leva o sustento para casa e que por conta da perda do emprego, perde a esperança de futuro. Nós precisamos estar juntos para evitar que outras situações como esta possam se repetir”.
O dirigente completou reforçando que o governo precisaria ter uma postura firme e soberana para cobrar da Ford os compromissos que a montadora assumiu quando fez adesão aos programas de benefício. “A Ford se apropriou dos programas para baratear os custos e agora vira as costas e o governo não cobra os compromissos? Ela tem responsabilidade, não é uma decisão que ela toma no mercado e implanta aqui no Brasil sem diálogo e compromisso com a sociedade brasileira”.
Reunião com MPT
Representantes do Sindmetau (Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região) participaram ontem de uma reunião virtual com procuradores do MPT (Ministério Público do Trabalho). Os dirigentes sindicais apresentaram dados sobre a situação dos trabalhadores e da Ford na cidade.
As informações vão auxiliar investigações em três inquéritos abertos contra a montadora para analisar a situação das plantas de Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE). Caso as investigações comprovem danos para a cadeia produtiva do país, a Ford pode ser acionada judicialmente.
“Reforçamos para os procuradores a posição do Sindicato pela manutenção dos empregos na Ford em Taubaté, com a continuidade das atividades da montadora. Essa é uma luta de toda cidade, porque a saída da Ford pode trazer um impacto gigantesco para as famílias e para economia de Taubaté”, afirmou o presidente do Sindmetau, Claudio Batista da Silva Junior, o Claudião.