Feijóo: “Campanha foi um sucesso” – Avanços em todos os grupos

>> Qual a avaliação da campanha?

Considerando o momento que o País vive, a nossa campanha foi um sucesso. Em todos os grupos conseguimos a reposição total da inflação. Os pisos salariais tiveram reajuste de até 29% e o pessoal das montadoras conquistou aumento real.

>> Por que a campanha deu certo?

Por dois motivos. Pela força e mobilização da categoria, que deu o respaldo necessário para quem estava na mesa de negociação, e pela estratégia correta que adotamos diante da postura intransigente dos grupos patronais.

>> E a mobilização começou com mensalistas…

Uma boa surpresa nesta campanha foi o envolvimento dos men-salistas, trabalhadores que normalmente não cruzam os braços antes dos trabalhadores na produção. Com eles foi possível aumentar a pressão pela extinção do teto salarial. Se não conseguimos desta vez, com a continuidade da participação deles tenho certeza que conseguiremos no futuro.

>> Os resultados foram os esperados?

Os grupos patronais ficaram cozinhando o galo esperando uma definição da Anfavea, e esta começou a negociação timidamente, e quando fez uma proposta foi considerada insuficiente pelos trabalhadores e rejeitada.

>> Foi quando a campanha entrou num impasse…

A partir daí o Sindicato passou a buscar acordo com as monta-doras dispostas a negociar, já que a Anfavea não queria melhorar a proposta e recorreu ao dissídio. Conseguimos acordos que passaram a ser referência também para os outros grupos. Foi assim que quebramos a resistência do sindicato patronal.

>> Esses acordos foram fundamentais na campanha?

Sim! Os acordos mostraram que era possível a reposição total das perdas e mais o aumento real nas montadoras, menos com a Volks que preferiu continuar com o processo no TRT.

>> Os acordos com os outros grupos patronais foram bons?

No grupo 5, onde desponta o Sindipeças, os patrões queriam descontar o abono que tivemos no primeiro semestre por conta da reposição de parte da inflação e amea-çaram retirar cláusulas sociais. No final, concordaram com a reposição total da inflação, melhorias nas cláu-sulas sociais, duas faixas de piso, mudança da data-base para setembro no próximo ano. É um avanço.

>> E nos outros grupos?

Todos concordaram com a reposição total da inflação, com avanços no auxílio-creche e em outras cláusulas. Em todos os grupos os pisos salariais tiveram reajuste maior que a inflação, variando entre 17% e até 29%, melhorando os salários mais baixos.

>> A campanha não privilegia a questão econômica em detrimento da social?
O pouco tempo de campanha, no máximo dois meses, acaba impondo essa situação, que há tempos procuramos fugir. Esta é a segunda vez que conseguimos a renovação das cláusulas sociais por dois anos e, com isso, teremos tempo de discutir as cláusulas sociais com mais profundidade e aprimorá-las. Já marcamos com as monta-doras um calendário de negociação durante todo o primeiro semestre do próximo ano sobre as cláusulas sociais.

>> Você aponta mais novidade nos acordos?

Outra novidade, e que também é uma avanço, é a garantia da reposição total da inflação, no próximo ano, aos trabalhadores na Toyota, Mercedes, Scania e Ford, e que estamos em negociação na Volks. Ela já vai servir de referência nas outras negociações.

>> O papel dos metalúrgicos do ABC foi decisivo?

Foi, mais uma vez. Tivemos uma campanha estadual, envolvendo cerca de 200 mil trabalhadores, e os metalúrgicos do ABC estiveram na linha de frente, tanto na mobi-lização no chão de fábrica como na mesa de negociação.

>> Qual a repercussão da campanha?

São muitas, mas destaco uma, a da necessidade de avançarmos na luta pelo contrato coletivo nacional. Com o resultado da nossa campanha nos distanciamos cada vez mais de metalúrgicos de outras regiões e isso pode ser ruim ao longo do tempo. Precisamos de uma acordo nacional que estabeleça condições salaria