Fiat quer ampliar investimento e pode fabricar Chrysler no País
Segundo presidente da montadora, a economia brasileira está com saúde robusta e as previsões para 2010 indicam crescimento de pelo menos 5%. "Queremos crescer com o Brasil", afirmou o executivo
O presidente mundial da Fiat, Sergio Marchionne, disse ontem em Sorocaba, interior de São Paulo, que o grupo pretende ampliar os investimentos no Brasil por considerar que a economia do País é “sólida e estável”. Ele participou, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da reinauguração da fábrica de máquinas agrícolas da Case New Holland (CNH), empresa do grupo Fiat.
A fábrica ficou fechada desde 2001, após enfrentar uma crise na área agrícola, e foi totalmente modernizada para a reabertura, processo que exigiu investimentos de R$ 1 bilhão. Ao todo, o grupo completa este ano um plano de investimentos de R$ 6 bilhões (incluindo a fábrica de automóveis de Betim (MG), iniciado em 2008. A expectativa do mercado é de que a Fiat anuncie em breve o programa de investimentos para os próximos anos.
Segundo Marchionne, a economia brasileira está com saúde robusta e as previsões para 2010 indicam crescimento de pelo menos 5%. “Queremos crescer com o Brasil”, afirmou. A CNH de Sorocaba é a maior fábrica de colhedoras agrícolas do mundo, com capacidade para 8 mil máquinas por ano.
Marchionne lembrou que a Fiat está no Brasil desde a década de 50 e, nos próximos cinco anos, quer reforçar sua presença no País. Destacou o papel de liderança brasileira na América Latina, um dos principais mercados do grupo no setor agrícola. “Hoje, o Brasil é um dos lugares em que os investimentos encontram ambiente mais seguro.”
O executivo disse estar convencido de que os fundamentos macroeconômicos do País são duradouros no cenário internacional. “Os investimentos que decidimos fazer refletem essa estabilidade.” Ele disse à agência Reuters que avalia a possibilidade de produzir veículos da marca americana Chrysler no País. Segundo Marchionne, a linha Jeep “seria a mais adequada”. Globalmente, após a aliança com a Chrysler, o foco do grupo italiano é consolidar a parceria e administrar operações recentes, como a da China.
No Brasil, a fábrica de automóveis em Betim produz 800 mil unidades ao ano. O País foi um dos únicos no mundo a apresentar crescimento de vendas em 2009, de 11,4% em relação a 2008, apesar da crise.
Parte do investimento da nova fábrica foi financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A fábrica produzirá inicialmente colheitadeiras para grãos. Também fará componentes de máquinas para a construção civil.
O fechamento da fábrica anterior ocorreu antes da fusão da Case com a New Holland – que criou a CNH, depois adquirida pela Fiat. A nova unidade foi construída no mesmo terreno. Agora, a empresa passa a ter quatro fábricas: as outras ficam em Piracicaba (SP), Curitiba (PR) e Contagem (MG).
De acordo com o presidente da CNH para a América Latina, Valentino Rizzioli, a decisão de investir na nova unidade foi tomada há dois anos, antes da crise internacional. O fato de o Brasil não ter sofrido o impacto da crise levou o grupo a manter o projeto.
CONTRATAÇÕES
A empresa aposta no grande potencial de crescimento do agronegócio brasileiro. Há planos de fabricar também máquinas para o plantio e a colheita de cana. O empreendimento abriga um centro de distribuição que atenderá a América Latina. A CNH já contratou 800 trabalhadores para a unidade de Sorocaba, mas a previsão é de chegar a dois mil funcionários futuramente. O grupo faturou US$ 12,7 bilhões em 2009. No Brasil, o faturamento foi de R$ 3,8 bilhões.
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