Fila para carros no Brasil é de até 6 meses; espera é maior para os modelos mais baratos

Apesar de fornecimento de chips já ter melhorado no País, indústria automobilística prioriza os veículos mais caros, que são mais lucrativos

A escassez de componentes, em especial de semicondutores, já não é tão problemática como no início do ano, mas segue causando descompasso entre produção e demanda na indústria automobilística brasileira. Mesmo num mercado afetado pela alta de preços, juros elevados e restrição dos bancos na concessão de financiamento, há filas de espera de seis meses ou mais para alguns modelos ou versões de carros.

A falta envolve tipos variados de automóveis e comerciais leves, mas, segundo lojistas, afeta principalmente as versões de entrada, que são as mais baratas de cada modelo. Como não há chips para todos, várias montadoras preferem priorizar a produção de modelos mais sofisticadas, que dão maior retorno na venda.

O consultor Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, ressalta que o setor automotivo iniciou outubro com 176,3 mil veículos em estoque nas fábricas e nas revendas, número que ele considera suficiente para atender grande parte da demanda. “Pode estar faltando algumas versões específicas, mas acredito que a indústria não está mais limitada pela oferta, mas pela demanda, em razão de preços e juros altos, mas ainda assim as vendas no varejo estão bem.”

De janeiro a setembro, foram vendidos 1,5 milhão de veículos, dos quais 105 mil são caminhões e ônibus e os demais automóveis e comerciais leves. Para atingir a projeção da Anfavea para o ano, de vendas totais de 2,14 milhões de unidades, será necessário comercializar mais 637 mil veículos nesses últimos três meses, entre vendas no varejo e diretas (para locadoras, frotistas, etc).

Do Estadão